Trump sugere que reformas no Fed podem ser motivo para demitir Powell
Presidente dos Estados Unidos disse à imprensa que a demissão do presidente do banco central americano é "improvável"

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu que o planejamento de reforma no Federal Reserve de US$ 2,5 bilhões poderia ser motivo suficiente para demitir o presidente do Fed, Jerome Powell, após uma escalada de seus recentes ataques contra o banqueiro central.
"Acho ele terrível... Mas a única coisa que eu não via nele era um cara que precisasse de um palácio para morar", disse Trump aos repórteres. "A única coisa que eu jamais imaginaria é que ele gastaria dois bilhões e meio de dólares para construir uma pequena extensão do Fed".
Horas depois, Trump concedeu uma coletiva de imprensa em que disse ser "improvável" a demissão de Powell do Fed, mas não descartou que pense em tomar essa decisão mais adiante.
Ao ser perguntado repórter se o montante previsto para a reforma era uma infração passível de demissão, Trump disse: "Acho que é mais ou menos".
Funcionários do alto escalão da Casa Branca acusaram o Fed de administrar mal o projeto, e alguns republicanos disseram que Powell mentiu para o Congresso quando disse que a reforma não incluirá algumas das melhorias descritas nos documentos oficiais de planejamento de 2021, como colmeias italianas e novos acabamentos em mármore.
Trump não especificou o que especificamente justificaria a demissão de Powell.
Desgastes
Trump vem criticando Powell há meses, exigindo taxas de juros mais baixas. Mas as autoridades do bc americano mantiveram as taxas estáveis este ano, para grande ira do republicano.
Os ataques crescentes levantaram preocupações de que o Fed, dependente de dados, possa ver sua independência corroída. Isso porque os mercados favorecem bancos centrais independentes – autoridades monetárias que definem taxas de juros com base em dados e mandatos claros, em vez de considerações políticas potencialmente promovidas por autoridades eleitas.
"A independência do Fed é absolutamente crítica, e não apenas para o atual presidente, que eu respeito, mas para o próximo", disse o CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, um dos mais proeminentes líderes de Wall Street, a repórteres em uma teleconferência na terça-feira.
“Brincar com o Fed pode muitas vezes ter consequências adversas, absolutamente opostas ao que você poderia esperar”, continuou.
Trump admitiu que os ataques mais pessoais e campanhas de pressão contra Powell não lhe renderam as taxas de juros mais baixas que ele deseja. As reformas surgiram como uma linha de ofensiva mais recente contra o presidente do Fed.
Powell solicitou ao inspetor-geral do banco central que conduzisse uma revisão adicional da reforma em andamento, informou a CNN anteriormente. No mês passado, alguns parlamentares do Senado questionaram Powell sobre o que descreveram como reformas suntuosas em sua sede em Washington, D.C., na audiência semestral de política monetária.
O projeto de renovação do Fed foi aprovado pelo conselho em 2017 e custou, originalmente, US$ 1,9 bilhão em 2019. A construção começou em 2021, mas o custo aumentou para US$ 2,5 bilhões devido a "condições imprevistas" que exigiram mais gastos para serem corrigidas.
Há muito tempo Trump direciona suas frustrações a Powell, chamando-o de tudo, de "idiota" a "imbecil". Powell disse publicamente que, se não fosse pelas tarifas anunciadas pelo presidente, o Fed já teria reduzido os juros neste ano e que as autoridades do Fed estão esperando para ver o impacto desse tarifaço em curso antes de decidir reduzir as taxas de juros.
Trump discorda. "Deveríamos estar em 1%", disse o presidente em um almoço na segunda-feira. "Deveríamos estar abaixo de 1%", concluiu em seguida.
John Towfighi, da CNN, contribuiu para esta reportagem.