William Waack

Trump vai ao Federal Reserve e critica, ao lado de Powell, taxa de juros

Republicano vê popularidade cair enquanto ataca independência de autarquias e esquiva do caso Epstein, escândalo de tráfico sexual de menores de idade

Danilo Cruz, da CNN, em São Paulo
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No meio de um racha na própria base envolvendo os arquivos de Jeffrey Epstein, Donald Trump aumentou a pressão contra o presidente do Fed (Federal Reserve), Jerome Powell. Trump visitou o prédio do Banco Central do país uma semana antes da decisão sobre os juros, a principal crítica de Trump.

Uma visita de um presidente americano ao prédio do Fed é vista como algo raro. Trump foi ao local com uma comitiva para acompanhar obras que acontecem no edifício. Ele critica a iniciativa por causa do orçamento – que ultrapassou os US$ 2 bilhões.

No meio do encontro, retirando um papel do paletó, Trump afirmou que as obras ultrapassavam os US$ 3 bilhões, algo prontamente negado por Powell.

"Você está incluindo a reforma do Martin? Você acabou de adicionar um terceiro prédio, é isso. É um terceiro prédio.", afirmou o presidente do Fed lendo o documento e referindo-se a outro edifício, que teve as obras concluídas há cinco anos.

Trump responde que o Martin "faz parte do trabalho geral". Mas Powell desmente o republicano dizendo que a obra "não é uma novidade". O presidente americano, então, muda de assunto e vai observar as reformas da sede da autarquia.

Esse é mais um capítulo da relação complicada entre os dois líderes. Desde o retorno à Casa Branca, Trump ameaça demitir o chefe do BC americano, por considerar muito alto o patamar das taxas de juros.

"Bom, eu adoraria que ele reduzisse as taxas de juros, mas fora isso, o que posso te dizer?", disse Trump nesta quinta (24).

Uma intromissão direta de Trump ao Fed é vista, inclusive dentro da Casa Branca, como uma catástrofe. A demissão de Powell seria capaz de derrubar mercados financeiros ao redor do mundo, causando danos duradouros ao sistema financeiro e à economia dos Estados Unidos.

Esse é mais um risco à imagem de Donald Trump, que já enfrenta desgastes com a própria base por causa do caso Jeffrey Epstein. Uma parte de seus apoiadores exige a liberação dos documentos sobre o magnata que morreu na cadeia em 2019 acusado de tráfico sexual de menores. O governo americano insiste que não há mais nenhuma novidade sobre o caso e que a população deveria "seguir em frente".

As polêmicas em diversas frentes ameaçam também a popularidade de Trump. Pesquisa da Economist e YouGov aponta que em julho, 41% dos americanos disseram ter uma opinião favorável do republicano, contra 55% com opinião desfavorável – seus piores índices no atual mandato.

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