Um terço da economia mundial deve estar em recessão em 2023, diz chefe do FMI
Embora os EUA possam acabar evitando uma recessão, a situação parece mais sombria na Europa, que foi duramente atingida pela guerra na Ucrânia, disse Kristalina Georgieva
Este ano será mais difícil para a economia global do que aquele que deixamos para trás, alertou a chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva.
“Por quê? Porque as três grandes economias, EUA, UE e China, estão todas desacelerando simultaneamente”, disse ela em entrevista que foi ao ar na CBS no domingo.
“Esperamos que um terço da economia mundial esteja em recessão”, disse ela, acrescentando que mesmo para países que não estão em recessão: “Seria como uma recessão para centenas de milhões de pessoas”.
Embora os EUA possam acabar evitando uma recessão, a situação parece mais sombria na Europa, que foi duramente atingida pela guerra na Ucrânia, disse ela. “Metade da União Europeia estará em recessão”, acrescentou Georgieva.
Atualmente, o FMI projeta que o crescimento global seja de 2,7% este ano, desacelerando de 3,2% em 2022.
A desaceleração na China terá um impacto terrível globalmente. A segunda maior economia do mundo enfraqueceu drasticamente em 2022 por causa de sua rígida política de Covid-zero, que deixou a China fora de sincronia com o resto do mundo, interrompendo as cadeias de suprimentos e prejudicando o fluxo de comércio e investimento.
O líder chinês Xi Jinping disse neste fim de semana que espera que a economia da China tenha crescido pelo menos 4,4% no ano passado, um número muito mais forte do que muitos economistas previam, mas muito abaixo da taxa de crescimento de 8,4% observada em 2021.
“Pela primeira vez em 40 anos, o crescimento da China em 2022 provavelmente será igual ou inferior ao crescimento global”, disse Georgieva. “Antes da Covid, a China entregava 34, 35, 40% do crescimento global. Não está mais fazendo isso”, disse ela, acrescentando ser um período “bastante estressante” para as economias asiáticas.
“Quando converso com líderes asiáticos, todos começam com esta pergunta: ‘O que vai acontecer com a China? A China vai voltar a um nível mais alto de crescimento?’”, disse ela.
Pequim abandonou as restrições da Covid no início de dezembro e, embora sua reabertura possa fornecer algum alívio muito necessário para a economia global, a recuperação será errática e dolorosa.
A reabertura aleatória da China desencadeou uma onda de casos de Covid que sobrecarregou o sistema de saúde, reduzindo o consumo e a produção no processo.
Os próximos meses serão “difíceis para a China e o impacto no crescimento chinês será negativo”, disse Georgieva, acrescentando que espera que o país avance gradualmente para um ‘nível mais alto de desempenho econômico e termine o ano melhor’ do que vai começar o ano”.