Vendas de bares e restaurantes caem 4% em setembro, aponta levantamento

Pesquisador afirma que altas taxas de inadimplência estão prejudicando consumo

João Nakamura, da CNN, em São Paulo
Bares e restaurantes de Botafogo ficam vazios na hora do almoço, no Rio
Setor ainda espera retomada do consumo no final do ano  • Tomaz Silva/Agência Brasil
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O volume de vendas do setor de bares e restaurantes brasileiros caiu 4% em setembro, segundo o Índice Abrasel Stone.

A pesquisa aponta que o segmento vive um momento de oscilações, porém reforça que há potencial para correr atrás do prejuízo nos próximos meses.

Apesar de o mercado de trabalho estar aquecido, um indicador que tende sinalizar para uma renda e consumo forte das famílias, Matheus Calvelli, cientista de dados da Stone, aponta que as taxas de inadimplência e o comprometimento da renda com o serviço da dívida têm se mostrado mais resilientes do que o esperado nos últimos meses.

"Com a redução da renda disponível, o consumo discricionário - como o de bares e restaurantes - acaba sendo afetado", afirma à CNN o pesquisador responsável pela pesquisa.

Calvelli aponta que, de fato, o cenário posto é esse de relação antagônica entre a baixa taxa de desemprego, a alta da massa salarial e da economia robusta como um todo, versus uma inadimplência ainda elevada.

Apesar de ter caído em setembro, a proporção de famílias endividadas no Brasil era de 77,2% naquele mês, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Ainda assim, a CNC ressalta que a inadimplência cresceu entre algumas faixas de renda pesquisada. A entidade aponta que 37,2% das pessoas que recebem até três salários mínimos tinham dívidas atrasadas em setembro, ante 36,7% em agosto; enquanto na faixa de cinco a dez salários mínimos era de 24,5%, ante 22,9% no mês anterior.

Na avaliação da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), ainda entra um outro fator que puxa o setor para baixo nessa equação: as apostas. Para Paulo Solmucci, presidente-executivo da entidade, as bets são uma preocupação.

Pelo resultado, Calvelli aponta para incertezas no último trimestre do ano.

Porém, tanto ele quanto Solmucci ressaltam que o setor de bares e restaurantes ainda pode ver algum movimento até o fim de 2024.

"É um período importante para o setor, que tende a se beneficiar dos gastos com as festas de final ano, férias e décimo terceiro", afirma Calvelli.

"A nossa expectativa é positiva, porque imaginamos que as bets possam ser reguladas de alguma forma. Além disso, acreditamos que, com a chegada do verão, uma época que favorece o nosso setor, haverá uma retomada nas vendas", conclui o presidente da Abrasel.

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