Waack: Juros que o Brasil colhe hoje foram plantados lá atrás
Ao contrário do que afirmam os governistas, esses juros não são uma maldade urdida por pessoas com o intuito de prejudicar a população
Os juros altos que o Brasil enfrenta hoje são consequência de decisões tomadas no passado. Quando o atual governo optou por impulsionar a economia por meio da expansão dos gastos públicos, estabeleceu que o equilíbrio fiscal seria alcançado por meio do aumento da receita, impostos e arrecadação.
O ajuste de despesas, ou seja, o corte de gastos, foi considerado politicamente inaceitável.
É importante ressaltar que não apenas este governo tomou esse caminho. Há décadas os gastos públicos vêm crescendo acima da inflação em nosso país, criando um consenso social.
Essa expansão tem sido sustentada por meio de mais impostos e maior endividamento.
Após o grande desastre provocado pela irresponsabilidade fiscal do governo Dilma, aprendemos que os juros se mantiveram mais baixos quando houve um limite rígido na expansão dos gastos.
Contudo, as circunstâncias das disputas políticas e as crenças ideológicas do atual governo nos levaram por um caminho diferente.
No fundo, o que determina se as contas se equilibram ou não é a dívida bruta. A trajetória da dívida pública brasileira sugere riscos para poupadores, investidores e agentes econômicos em geral. O prêmio cobrado por esse risco é denominado juros.
Ao contrário do que afirmam os governistas, esses juros não são uma maldade urdida por pessoas com o intuito de prejudicar a população.
Eles são consequência de consensos sociais apoiados por variadas correntes políticas — o da expansão dos gastos públicos — e de escolhas políticas que visam equilibrar as contas sem cortar gastos, aumentando as receitas. Portanto, não há surpresas.