Waack: Mesmo bloqueando despesas, governo vai entregar déficit

A saída desse dilema para equilibrar contas públicas seria, obviamente, uma economia que estivesse crescendo de forma muito mais vigorosa do que acontece agora

William Waack
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista coletiva em Brasília  • 28/12/2023 REUTERS/Adriano Machado
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Para surpresa de ninguém, o governo anunciou que vai ter de reduzir despesas. E para surpresa de ninguém, essa redução se deve ao fato de que as receitas não estão sendo suficientes para cobrir a expansão das despesas.

Também para surpresa de ninguém, o governo não vai conseguir entregar a promessa feita lá atrás. A promessa de que este ano iria equilibrar as contas — sem considerar o pagamento de juros, claro. O que, de novo, não é nenhuma surpresa. Conforme dito até a exaustão, a estratégia do governo para equilibrar as contas estava condenada de saída pelo fato de que as despesas seguem crescendo em termos reais e como proporção do PIB.

E as esperanças de receitas estavam atreladas a eventos isolados. Daí não haver surpresas sobre a necessidade de corte de despesas. Mas, sim, a certeza de que terão de vir ainda mais cortes. Conforme admite o governo, tem coisa pendurada aí que não se sabe como vai terminar. É o caso da disputa entre Congresso e Executivo para compensar desonerações nas folhas de pagamentos de empresas e prefeituras.

A saída desse dilema para equilibrar contas públicas seria, obviamente, uma economia que estivesse crescendo de forma muito mais vigorosa do que acontece agora. Mas — como assinalou hoje a respeitada revista "Economist" — tanto o governo como o Congresso parecem fixados na ideia de que preços das commodities que o Brasil exporta, mais subsídios às empresas amigas e, principalmente, gastos públicos jogariam o país nessa rota virtuosa.

Não deu certo antes. Nem parece que vai dar certo agora.

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