BCA: Vitória da direita não é o suficiente para solucionar fiscal do Brasil

Consultoria alerta que dependência do Centrão limita qualquer governo e afasta investidores estrangeiros

Poliana Santos, colaboração para a CNN Brasil, São Paulo
  • Imagem gerada por IA
Compartilhar matéria

O cenário político brasileiro tem desmotivado investidores estrangeiros, sobretudo com o crônico problema fiscal, e a vitória de um nome da direita na disputa presidencial de 2026 não seria o suficiente para solucionar o problema. É o que disse a consultoria canadense BCA Research, em relatório distribuído aos clientes nesta quinta-feira (6).

No documento, a consultoria desaconselha a compra de ações e ativos brasileiros, citando entraves estruturais que limitam qualquer melhora econômica sustentável.

A BCA reconhece que uma eventual vitória de um candidato de direita pró-mercado poderia beneficiar o ambiente no curto prazo, mas não resolveria os problemas fiscais e políticos do país.

"Os ativos de risco do país provavelmente sofreriam pressão de venda à medida que os mercados percebessem que um governo de direita só pode melhorar marginalmente ou temporariamente, mas não resolver, a insustentável situação fiscal do Brasil", resume o relatório.

"A única maneira de romper esse ciclo pernicioso é um profundo comprometimento com o sofrimento".

 

Segundo a BCA, todo presidente precisa governar por meio do Centrão, independentemente de sua ideologia. Esse modelo, afirma a consultoria, é o principal obstáculo à consolidação fiscal e à aprovação de reformas estruturais.

“O Centrão é o verdadeiro árbitro das políticas públicas. Sem ele, nenhum governo aprova leis; com ele, nenhum governo mantém disciplina fiscal”, afirma o relatório.

Com apenas 10% do orçamento sendo discricionário, o espaço de manobra é mínimo. O bloco, segundo a BCA, perpetua a fragilidade fiscal ao trocar apoio político por aumento de gastos, priorizar projetos locais e diluir reformas como as da Previdência, tributária e trabalhista.

“O Centrão estabiliza a governabilidade, mas compromete a credibilidade fiscal. Os presidentes precisam trocar disciplina fiscal por apoio legislativo”, avalia a consultoria.

A análise cita nomes prováveis para a eleição presidencial em 2026, como Lula, Michelle Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, Romeu Zema, Ronaldo Caiado e Tarcísio de Freitas, este último apontado como favorito do mercado, embora tenha negado interesse em disputar a presidência.

“Um risco de alta para nossa visão pessimista seria a união da direita em torno de um candidato moderado, especialmente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas”, diz o documento.

Mesmo nesse cenário, a consultoria acredita que a melhora seria apenas marginal e temporária, pois “um governo de direita não resolveria a insustentável equação fiscal do Brasil”.

“A única forma de romper esse ciclo vicioso seria um compromisso profundo com o sacrifício e o ajuste real”, conclui a BCA.

Diante do fraco cenário macroeconômico cíclico, a consultoria recomenda que investidores estrangeiros evitem ações brasileiras, títulos locais e crédito soberano. Para quem busca exposição a emergentes, a BCA indica México, Chile, Peru e Argentina.

Acompanhe Economia nas Redes Sociais