Bitcoin cai abaixo de US$ 90 mil com aversão ao risco
Em novembro, o valor do bitcoin perdeu mais de US$ 18.000, com uma saída recorde de dinheiro do mercado, representando a maior perda em dólares desde maio de 2021, quando diversas criptomoedas entraram em colapso

O bitcoin caiu abaixo de US$ 90.000 nesta segunda-feira (1º), reflexo de aversão ao risco, ampliando as perdas após registrar em novembro a maior queda mensal desde meados de 2021.
A maior criptomoeda do mundo chegou a US$ 84.808,54 na mínima (-6,99%). Por volta de 10h10 (no horário de Brasília), recuava 5,73%, a US$ 85.959,10.
Em novembro, o valor do bitcoin perdeu mais de US$ 18.000, com uma saída recorde de dinheiro do mercado, representando a maior perda em dólares desde maio de 2021, quando diversas criptomoedas entraram em colapso.
Indicador de risco
Devido à uma vida útil relativamente curta, não há muitos fatores sazonais que orientem as expectativas dos investidores sobre o comportamento típico do bitcoin em dezembro.
Analistas afirmaram que, no momento, a forte correlação entre o bitcoin e o mercado de ações pode ser ainda mais relevante.
"O bitcoin tende a ser um indicador importante do sentimento geral de risco no momento, e a sua queda não é um bom presságio para as ações no início deste mês", declarou a diretora de pesquisa da XTB, Kathleen Brooks, em nota.
"Não há um fator determinante óbvio (nesta segunda-feira, 1º). No entanto, a forte queda na volatilidade na semana passada, com o VIX caindo abaixo da média dos últimos 12 meses, pode ter deixado alguns investidores apreensivos com as perspectivas incertas para o final do ano", acrescentou.
Os contratos futuros de bitcoin da CME também mostram um crescente pessimismo.
Os contratos futuros de bitcoin com vencimento em três meses estão sendo negociados com o menor ágio em relação aos que expiram neste mês em pelo menos um ano, o que reflete a menor disposição dos investidores em apostar em uma alta sustentada do preço ao longo do tempo.
O ether era cotado a US$ 2.828,59, em queda de 6,4% após perder cerca de 22% do seu valor em novembro.
Fatores negativos
O estrategista Mohit Kumar, da Jefferies, afirmou que diversos fatores negativos relacionados às criptomoedas estão aumentando a pressão sobre o bitcoin nesta segunda-feira (1º).
Na semana passada, a S&P Global rebaixou o rating da Tether, a maior stablecoin do mundo, citando um aumento nos ativos de maior risco em suas reservas e "lacunas persistentes na divulgação de informações", com as quais a Tether informou "discordar veementemente".
Phong Le, presidente-executivo da Strategy, a maior proprietária corporativa de bitcoins do mundo, disse ao podcast "What Bitcoin Did" na sexta-feira (28) que a empresa considerará vender as participações se a métrica "mNAV" — o valor da empresa em relação ao valor de participações em bitcoin — cair abaixo de 1. Essa relação está atualmente em torno de 1,19, de acordo com o site da Strategy.
Considerando a queda acentuada das ações da Strategy no último ano, com uma desvalorização de 60% em comparação com a queda de 13% do bitcoin no mesmo período, a empresa já corre o risco de ser excluída dos índices de referência, o que agravaria a pressão sobre as ações e o indicador "mNAV".
A provedora de índices MSCI encerra neste mês uma consulta pública sobre a possibilidade de excluir de seus índices de referência as empresas cujas participações em ativos digitais excedam 50% de seus ativos totais.
Desde que atingiu um valor recorde de cerca de US$ 4,3 trilhões, o mercado de criptomoedas perdeu mais de US$ 1 trilhão em valor, segundo o CoinGecko.


