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    Euro perde força no mundo e vai à mínima em meses, mas segue forte contra o real

    Principais fatores são enfraquecimento da economia do bloco e perspectiva de corte dos juros

    Vitor Azevedoda CNN

    O Euro vem perdendo força internacionalmente, mas segue forte contra a moeda brasileira. Nesta quarta-feira (16), a divisa do bloco europeu atingiu sua mínima frente ao dólar em quase três meses, a US$ 1,08, mas, contra o real, ela segue longe dos menores patamares do ano e ainda no maior patamar do último mês, a R$ 6,15.

    A divisa europeia vem perdendo força por alguns fatores. Guilherme Jung, economista-chefe da Alta Vista, explica que os principais são o enfraquecimento da economia do bloco e a perspectiva de que o Banco Central Europeu (BCE) deve cortar os juros mais do que o esperado.

    “A Europa vive um cenário de desaceleração da sua economia, principalmente nos principais países, como a Alemanha, a França, a Itália. Esses países acabam influenciando o bloco europeu como um todo”, explica o especialista.

    Uma economia mais fraca tende a impactar negativamente a moeda de um país, pois não raro gera incertezas sobre questões como a balança comercia e a saúde financeira do governo.

    Quando indicadores econômicos, como crescimento do PIB e emprego, estão em baixa, os investidores podem perder confiança e buscar alternativas mais seguras, o que resulta em uma menor demanda pela divisa.

    Fora isso, é esperado também que os países busquem estimular suas economias mediante políticas monetárias — o consenso do mercado é que o BCE corte sua taxa básica em 25 pontos-base amanhã, tirando-a de 3,50% para 3,25%.

    “Nos EUA, o ritmo saudável da atividade aumenta as apostas de que os próximos cortes do Federal Reserve podem retornar ao ritmo de 25 pontos-base, em vez de seguir na toada dos 50 pontos por reunião, e inclusive motivar algumas pausas no meio do caminho”, fala Paula Zogbi, gerente de research da Nomad.

    Fora o fato de a economia do Estados Unidos ainda estar aquecida, o que naturalmente dá certa força ao dólar, a visão de que o diferencial dos juros entre a maior economia do mundo e o bloco diminuirá tira capital da União Europeia.

    “O menor rendimento dos títulos europeus em relação aos americanos diminui as motivações para um fluxo de capital para a zona do euro e contribui para o enfraquecimento da moeda”, comenta Zogbi. Hoje a fed funds está entre 4,75% e 5%.

    Já quando o assunto é o real, as preocupações principais são em relação ao fiscal e à trajetória da dívida pública brasileira.

    “Preocupações com a dívida pública brasileira vêm sendo um fator determinante para o enfraquecimento do real recentemente, apesar do aumento do diferencial de juros”, diz a especialista da Nomad.

    O Banco Central está indo na contramão do mundo, subindo suas taxas, sendo que na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), elevou a Selic em 25 pontos-base, a 10,75%. No entanto, as altas, na visão do mercado, ainda não compensam o aumento do risco na balança com o retorno.

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