Dólar vai a R$ 5,41 com tarifas e dados dos EUA; bolsa recua
Investidores analisam inflação ao produtor nos EUA, enquanto mexem nas apostas sobre decisão de juros do Fed

O dólar encerrou em alta e o Ibovespa caiu nesta quinta-feira (14), com novos dados da inflação ao produtor nos EUA mexendo com expectativas de queda dos juros pelo Fed (Federal Reserve), enquanto continuam de olho em impasse comercial entre Brasil e Estados Unidos.
A divisa norte-americana encerrou a sessão com ganho de 0,31%, negociada a R$ 5,417 na venda, na esteira de ganhos do dólar contra a cesta de moedas mais fortes.
O Ibovespa foi na direção contrária e fechou com recuo de 0,24%, aos 136.355 pontos, com investidores à espera dos resultados do Banco do Brasil no segundo trimestre, que serão publicados após o encerramento do pregão.
Cenário externo
Os movimentos do real nesta sessão tinham como pano de fundo a força da moeda norte-americana no exterior, principalmente frente a divisas emergentes, depois que operadores reduziram apostas de que o banco central dos EUA poderá cortar a taxa de juros já no próximo mês.
O governo dos EUA informou mais cedo que seu índice de preços ao produtor subiu 0,9% em julho na base mensal, ante estabilidade no mês anterior e bem acima da alta de 0,2% projetada em pesquisa da Reuters com economistas. Em 12 meses, a inflação ao produtor atingiu 3,3%, de 2,4% anteriormente.
O resultado fomentava os temores de que as tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, possam estar finalmente começando a impactar os preços no país, o que em breve pode chegar ao consumidor, colocando dúvida sobre a percepção de uma inflação moderada.
Em outro dado, o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego caiu na semana passada em meio ao baixo número de demissões. Os pedidos caíram em 3 mil, para 224 mil com ajuste sazonal.
Operadores passaram a precificar uma chance de 98% de o Fed cortar os juros em 0,25 ponto percentual em setembro, segundo dados da LSEG.
Antes dos dados, uma redução no próximo mês estava totalmente precificada, com algumas apostas mostrando uma pequena probabilidade de um corte maior de 0,5 ponto.
A perspectiva de cortes de juros pelo Fed tem favorecido o real em sessões recentes devido à percepção de que, com a taxa Selic em patamar alto por tempo prolongado, o diferencial de juros entre Brasil e EUA permanecerá favorável para o lado brasileiro.
O real tem rondado cotações anteriormente atingidas há mais de um ano, tendo alcançado a mínima desde junho de 2024, a R$ 5,3864, na terça-feira.
Cenário doméstico
Por outro lado, o mercado doméstico também continua preocupado com o impasse comercial entre Brasil e EUA, iniciado com a imposição por Washington de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros na semana passada, o que justificava uma maior cautela nas negociações.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta negociar com os EUA, mas não tem conseguido encontrar canais de diálogo. Na véspera, Lula assinou uma medida provisória que traça um plano de contingência para empresas afetadas pela taxação. O destaque foi uma linha de crédito de R$ 30 bilhões.
O plano de ajuda não apresentou grandes surpresas aos agentes financeiros, que temem o impacto fiscal das medidas ou que o pacote possa servir de justificativa para o Executivo descumprir metas para as contas públicas.
*Com informações da Reuters


