Governo canadense ordena que comissários da Air Canada retornem ao trabalho
Mais de 10 mil funcionários entraram em greve, causando cancelamento massivo de voos; ministra do Trabalho intervém usando legislação trabalhista

Mais de 10 mil comissários de bordo da Air Canada que entraram em greve no início do sábado serão ordenados a retornar ao trabalho pelo CIRB (Conselho de Relações Industriais do Canadá), segundo anúncio feito no sábado (16) pela Ministra do Trabalho canadense, Patty Hajdu.
O anúncio ocorre após a Air Canada, maior companhia aérea do país, suspender todas as suas operações em consequência da paralisação.
Em uma entrevista coletiva em Ottawa, Hajdu disse que determinou ao CIRB que ordenasse à empresa e seus funcionários "retomar e continuar suas operações e deveres para garantir a paz industrial e proteger os interesses do Canadá, dos canadenses e da economia."
O governo interveio através da Seção 107 do Código Trabalhista do Canadá, que permite ao ministro designar um árbitro para intervir na disputa.
A Air Canada havia solicitado na terça-feira (12) que o governo interviesse usando a Seção 107, informou o Sindicato Canadense de Funcionários Públicos em comunicado na sexta-feira (15).
O CIRB também estará envolvido em alcançar um acordo e estenderá os termos do acordo coletivo existente, segundo a ministra.
Os comissários de bordo da companhia aérea concordaram massivamente com a paralisação em todo o sistema, com 99,7% a favor da greve, e deixaram o trabalho por volta de 1h (horário do leste dos EUA) de sábado (16).
O componente da Air Canada do CUPE (Sindicato Canadense de Funcionários Públicos) busca aumentos salariais e compensação remunerada pelo trabalho quando as aeronaves estão em solo.
"Agora, quando estamos na mesa de negociação com um empregador obstinado, os Liberais estão violando nossos direitos constitucionais de tomar medidas trabalhistas e dar à Air Canada exatamente o que eles querem - horas e horas de trabalho não remunerado de comissários de bordo mal pagos, enquanto a empresa obtém lucros astronômicos e compensação executiva extraordinária", disse Wesley Lesosky, presidente do componente Air Canada do CUPE, em declaração compartilhada com a CNN Internacional.
Hajdu negou que o governo canadense seja anti-sindical, acrescentando que estava claro que a companhia aérea e os trabalhadores sindicalizados estavam "em um impasse" e "precisam de ajuda para arbitrar os itens finais."
Até as 11h (horário do leste dos EUA), um total de 662 voos da Air Canada foram cancelados, incluindo 342 domésticos e 320 internacionais, segundo relatório da empresa de análise de aviação Cirium.
De acordo com o FlightAware, 86% dos voos da Air Canada e 96% dos voos da Air Canada Rouge foram cancelados.
"O impacto da paralisação na Air Canada que começou no início desta manhã já está sendo sentido pelos viajantes. Isso está causando danos significativos e tem impactos negativos sobre os canadenses e a economia canadense", disse Hajdu, acrescentando que os cancelamentos de voos deixaram produtos farmacêuticos sem transporte e milhares de canadenses retidos.
Quando questionada sobre quando os voos voltariam ao normal, a ministra disse que o CIRB analisaria as declarações tanto da aérea quanto dos trabalhadores antes de decidir se interviria.
"Não quero especular, porque é um processo. Mas em geral, às vezes pode levar de 24 a 48 horas para o conselho completar esse trabalho", disse Hajdu, acrescentando que "a Air Canada disse que poderia levar entre 5 a 10 dias para os serviços regulares serem retomados."