Nvidia tem lucro líquido de US$ 18,8 bilhões no primeiro trimestre

A Nvidia superou as expectativas dos analistas de Wall Street em termos de receita e lucro durante o primeiro trimestre. A empresa teve US$ 44,1 bilhões em receita, aumento de 69% em relação ao mesmo período do ano anterior. O lucro líquido da companhia cresceu 26% na comparação anual, para US$ 18,8 bilhões.

A fabricante de chips perdeu US$ 2,5 bilhões em receita adicional durante o primeiro trimestre deste ano porque teve que parar de enviar seus chips de inteligência artificial H20 para a China depois que o governo Trump instituiu novas restrições à exportação no mês passado.

Apesar dessas vendas não realizadas — reveladas no relatório de lucros da empresa na quarta-feira (28) — a Nvidia sofreu um impacto menor do que o esperado com as novas restrições do H20 durante o trimestre.

A empresa teve uma perda de US$ 4,5 bilhões no trimestre, associada ao excesso de estoque do H20 e a obrigações de compra que não conseguiu cumprir devido aos controles de exportação, embora tenha alertado os investidores no mês passado que o impacto poderia chegar a US$ 5,5 bilhões.

Os investidores vinham observando o impacto dos controles de exportação do H20 porque eles ressaltam a posição cada vez mais frágil da Nvidia no centro de uma crescente guerra comercial e tecnológica entre EUA e China.

A cobrança menor do que o esperado provavelmente será vista como um sinal positivo, embora a empresa tenha acrescentado que espera perder outros US$ 8 bilhões em receita durante o segundo trimestre devido aos controles do H20.

As ações da Nvidia subiram 3,5% nas negociações após o expediente após o relatório.

No ano passado, a Nvidia lançou o chip H20 para se adaptar aos rigorosos controles de exportação dos EUA para a China, mantendo o acesso ao mercado, que representou cerca de 13% de suas vendas no ano passado.

Mas, em abril, a Casa Branca informou à empresa que ela precisaria de uma licença especial para exportar o H20 — que se acredita ter contribuído para o poderoso modelo chinês de IA DeepSeek — para a China. O CEO da Nvidia, Jensen Huang, classificou os controles de exportação de chips dos EUA como um "fracasso".

“A IA da China avança com ou sem nós”, disse ele. “A questão não é se a China terá IA — ela já tem — a questão é se um dos maiores mercados de IA do mundo funcionará em plataformas americanas.”

Ele acrescentou que proteger as empresas de tecnologia chinesas da tecnologia americana “só fortalece” os rivais estrangeiros e “enfraquece a posição dos Estados Unidos”.

Mas, apesar da incerteza causada pela política comercial da Casa Branca, os negócios gerais da Nvidia continuam crescendo a um ritmo impressionante.

“Mesmo durante um período de consolidação do setor — com a crescente concorrência e as tensões geopolíticas criando um ambiente macroeconômico mais desafiador — a empresa demonstrou sua capacidade de se concentrar nas áreas operacionais certas”, afirmou Thomas Monteiro, analista sênior da Investing.com, em comentário por e-mail.

Ele acrescentou que o impacto menor do que o esperado dos controles do H20 “destacou a adaptabilidade da Nvidia às mudanças nas condições de mercado”.

Dado seu papel central na construção de muitos dos chips que alimentam os sistemas de IA, os lucros da Nvidia são vistos como um barômetro para o setor de tecnologia em geral.

Incertezas em torno de tarifas e políticas comerciais, bem como questionamentos difíceis dos investidores sobre o retorno dos investimentos em IA, pairam sobre o setor.

Huang disse em um comunicado na quarta-feira que a demanda pela tecnologia de IA da empresa continua "incrivelmente forte".

A empresa está se beneficiando do uso crescente de importantes serviços de IA — como os oferecidos pela OpenAI, Google e Microsoft —, gerando demanda por infraestrutura e chips de IA, disseram executivos na teleconferência de quarta-feira.

Investimentos de governos nos chamados projetos soberanos de IA também estão contribuindo para o aumento da demanda pelos chips da Nvidia.

Os Estados Unidos e os Emirados Árabes Unidos anunciaram no início deste mês uma parceria para construir um enorme complexo de data centers em Abu Dhabi, com capacidade de 5 gigawatts para aprimorar as capacidades de IA.

O projeto, que marcará o maior sistema de data center fora dos Estados Unidos, foi anunciado durante a visita do presidente americano Donald Trump aos Emirados Árabes Unidos. Huang também esteve presente na visita.

Huang também abordou o esforço de Trump para convencer as empresas de tecnologia a transferirem mais de sua produção — especialmente a de semicondutores — para os Estados Unidos, com o presidente-executivo dizendo que compartilha a visão do presidente.

No mês passado, a empresa anunciou planos de parceria com empresas de manufatura para construir fábricas no Texas para produzir chips de IA e supercomputadores.