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Sabesp tem lucro líquido contábil de R$ 1,4 bi no 4º tri, alta anual de 21%

As receitas líquidas da companhia de saneamento, privatizada em julho em leilão na B3, somaram R$ 5,8 bilhões no quarto trimestre, alta de 5,8% em 12 meses

Altamiro Silva Junior, do Estadão Conteúdo
Vista do prédio da Sabesp (Companhia de Saneamento do Estado), na unidade Pinheiros, na região oeste da cidade de São Paulo
Vista do prédio da Sabesp (Companhia de Saneamento do Estado), na unidade Pinheiros, na região oeste da cidade de São Paulo  • Ronaldo Silva/Agência Estado
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A Sabesp divulgou na noite desta segunda-feira (24) o balanço do quarto trimestre de 2024 e do acumulado do ano, ambos com expansão de dois dígitos nos lucros.

No quarto trimestre do ano passado, o primeiro já sob a nova gestão da empresa, que foi privatizada em julho em leilão na B3, teve lucro líquido contábil de R$ 1,435 bilhão, uma alta de 21% em relação ao mesmo período de 2023 enquanto o lucro líquido ajustado foi de R$ 1,9 bilhão, crescimento de 64%.

No ano fechado, o resultado líquido teve um salto de 171,9%, para R$ 9,58 bilhões.

O Ebitda ajustado (lucro antes dos impostos, juros e amortizações) ficou em R$ 2,3 bilhões no quarto trimestre, expansão de 4,1%, e em R$ 11,3 bilhões em 2024, aumento de 18,8%.

Ainda entre os principais números, as receitas líquidas da companhia de saneamento somaram R$ 5,8 bilhões no quarto trimestre, alta de 5,8% em 12 meses. Em 2024, ficaram em R$ 21,7 bilhões, crescimento de 8,8%.

"O ano de 2024 foi muito positivo para a companhia", afirma o diretor financeiro da Sabesp, Daniel Szlak.

Após a privatização, em uma oferta de ações que movimentou R$ 15 bilhões, a nova gestão assumiu em outubro de 2024, e os dados do quarto trimestre ainda pouco refletem essa mudança de comando, conta ele.

Hoje, a companhia conta com 50% de executivos que vieram do mercado e a outra metade que eram da casa.

Em 2024, a Sabesp fez um programa de demissão voluntária (PDV), que teve adesão de 2.039 funcionários, conforme números revelados pela primeira vez pela companhia.

Para isso, a empresa fez uma provisão de R$ 630 milhões no ano passado.

Sobre a disparada de 172% no lucro em 2024, Szlak explica que teve relação com a preparação para a privatização, na medida em que a Sabesp precisou fazer um novo contrato de concessão com o Estado.

Esse novo contrato unificou concessões com vários municípios, fez uma atualização do histórico desde a concepção desses ativos até agora, o que gerou um impacto positivo de R$ 5,4 bilhões no lucro.

Na prática, para o acionista, esse lucro contábil maior vai gerar um dividendo maior. No ano passado, os proventos distribuídos pela companhia subiram 159%, para R$ 2,5 bilhões.

O diretor financeiro explica que o impacto da privatização vai aparecer em 2025 e ao longo dos próximos anos, a depender do resultado das medidas que forem sendo implementadas.

A Sabesp tem um programa para universalizar o acesso a água e saneamento que prevê investimentos de R$ 60 bilhões até 2029. Para isso, o montante previsto para 2025 já vai ter que dobrar em relação aos R$ 6,9 bilhões de 2024. De agora para frente, serão necessários de R$ 12 bilhões a R$ 14 bilhões por ano em investimentos.

"Temos necessidade de captação importante, mas a companhia está pouco alavancada", disse Szlak.

No quarto trimestre, o endividamento, medido pela relação entre a dívida líquida e o Ebitda era de 1,8 vez, praticamente estável na comparação anual (1,7 vez no quarto trimestre de 2023) e menor que seus pares - na Aegea, por exemplo, estava em 3,7 vezes ao final do terceiro trimestre e na Iguá, em 7 vezes.

Aquisições e nova concessões

Frente a várias concessões de saneamento previstas para ir ao mercado em breve no País, ou mesmo venda de participações em empresas do setor, a Sabesp vai avaliar cada caso para ver se participa ou não, ressalta Szlak.

Até porque se não entrar agora, vai ter que esperar 30 ou 40 anos - o prazo das concessões - para avaliar essas operações de novo, destaca o diretor. "Vamos olhar para tudo, mas daí para a gente fazer o investimento, tem uma diferença grande."

Na mesma linha, a empresa também vai avaliar todos os instrumentos para captar recursos, seja no mercado local ou no exterior.

No quarto trimestre, levantou R$ 1 bilhão com a International Finance Corporation (IFC), instituição financeira do Banco Mundial, e no começo deste ano mais R$ 3,7 bilhões em emissões de debêntures. "Vamos acabar ao longo desses cinco anos olhando todos os bolsos que a gente conseguir", afirma o diretor.

A prioridade da Sabesp, assumida na privatização, é investir para universalizar o acesso à água e saneamento no Estado de São Paulo, comenta Szlak. "Qualquer coisa que ponha isso em risco não vai acontecer", disse ele.

Ao mesmo tempo, tem a questão de alocação de capital, pois a Sabesp é forte geradora de caixa. Em caixa operacional, a empresa gerou R$ 7,4 bilhões em 2024. E tem restrição na distribuição de dividendos - em 2024 e 2025, é de 25% do lucro.

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