Violência preocupa CEOs e já leva empresas a adotarem medidas executivas
Companhias de infraestrutura, como Motiva, Hidrovias do Brasil e Rumo, implementam ações de segurança para evitar prejuízos

Empresas de infraestrutura têm implementado medidas de segurança à nível corporativo para combater vandalismo e roubo de cargas e equipamentos de seus ativos. O nível de violência tem levado CEOs de grandes companhias a atuarem diretamente para resolver o problema.
De acordo com Décio Amaral, CEO da Hidrovias do Brasil, foi necessário contratar vigilância armada para evitar o roubo de cargas. No evento “Infraestrutura em movimento: desafios para transformar o Brasil”, realizado pelo MoveInfra, o executivo afirmou que a tripulação de cada barcaça da empresa conta com dois seguranças.
“Temos casos de tentativa de roubo de combustível. O rio está virando rota de tráfico de drogas. Eu tenho que garantir que não tenha droga no meu comboio”, disse Décio Amaral no evento.
O CEO da Hidrovias do Brasil afirma que a agenda de segurança se tornou um custo relevante para a empresa. Segundo Décio Amaral, a violência penaliza o setor como um todo, inibindo investimentos e afetando o valor de mercado.
“A gente quer reduzir custo Brasil. É um custo muito relevante. É triste dizer, mas é pauta de liderança de empresas de infraestrutura as questões de segurança”, afirmou o CEO da Hidrovias do Brasil.
No setor ferroviário, a violência e o vandalismo têm impactado de 3% a 5% dos trens de carga da Rumo. O CEO da empresa, Pedro Palma, afirma que o registro de intercorrências se concentra na baixada santista, próximo à chegada do Porto de Santos.
Durante o evento do MoveInfra, Pedro Palma relatou que o tráfego dos trens são interrompidos por diferentes fatores de segurança, que variam de roubo de carga a furto de buzinas. O CEO da Rumo explicou que um roubo de buzina por exemplo pode paralisar a operação ferroviária por até 6 horas, causando um prejuízo milionário.
“Se tiver que parar a circulação em função do roubo da buzina, até fazer a troca da buzina, vai perder até 6 horas de circulação. É como se tivesse pego R$ 150 milhões, tirado de uma aplicação que gera investimentos, e colocado debaixo do colchão. Isso encarece o serviço ferroviário e todo o custo logístico do agronegócio”, afirmou.
O problema também preocupa o CEO da Motiva, Miguel Setas. "Esse problema é multidimensional e não se pode resolver apenas pela via da força", disse Miguel Setas.
Diante desse cenário, Miguel Setas defende três pilares para minimizar os impactos da violência em empresas de infraestrutura. A Motiva criou uma diretoria de segurança corporativa e resiliência empresarial para lidar com o problema.
Veja:
- interação com agentes públicos, policiais, Ministério Público para fazer as investigações necessárias quando se trata de fenômenos mais complexos;
- tecnologia: a empresa adotou sistema de alerta, de monitoramento, de vigilância e ferramentas de inteligência artificial;
- atuação social: combate à desigualdade social e à pobreza em comunidades.


