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    PIB: Brasil termina 2020 com segunda década perdida — e a pior desde 1900

    Ritmo de crescimento foi o pior em 120 anos e PIB per capita retrocedeu aos níveis de 2009

    Com máscara de proteção, homem espera ônibus na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro
    Com máscara de proteção, homem espera ônibus na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro Foto: Ricardo Moraes - 18.mar.2020/ Reuters

    Juliana Elias,

    do CNN Brasil Business, em São Paulo

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    Atingido por duas das piores recessões de sua história em apenas cinco anos, o Brasil fecha o ciclo dos anos de 2010 tendo vivido a pior década de que se tem registro em mais de um século na economia do país. 

    Efeito direto da pandemia que paralisou a economia global em proporções jamais vistas, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil teve em 2020 uma queda histórica de 4,1%. O resultado foi divulgado nesta quarta-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    É um dos piores resultados já registrados desde 1900, data a que remontam as estimativas mais antigas disponíveis para o país. Nos 120 anos de lá para cá, o Brasil passou por 17 anos de crescimento negativo. Só em 1981 e em 1990, ambos com retração de 4,3%, houve resultados parecidos com o que aconteceu no ano passado no Brasil. 

    Os tombos de alguns anos e o crescimento baixo de outros deixam o período de 2011 a 2020 para trás até da “década perdida” de 1980, quando o país tinha vivido seus menores níveis de crescimento e os maiores retrocessos de renda até aqui.

    Cálculos feitos pela Fundação Getulio Vargas apontam que o crescimento médio do Brasil na década que se encerra foi de apenas 0,3% ao ano, o menor desde o começo do século passado. Na década de 1980, agora a segunda pior da história, essa média tinha sido de 1,6% ao ano.

     

    PIB per capita de volta a 2009

    Como a população seguiu ainda crescendo a um ritmo anual de 0,7% — ou seja, mais do que o PIB —, o efeito no PIB per capita foi ainda pior. O PIB per capita é a conta que divide o total da riqueza do país pelo total da população, e serve como referência do nível de renda da economia. Em 2020, ele despencou 4,8%, para R$ 35.172. 

    Como o PIB per capita já tinha caído mais de 8% na recessão de 2015 e 2016, e seguia ainda longe de se recuperar, o resultado é que o Brasil, agora, voltou 11 anos para trás nessa métrica: o PIB per capita de 2020 é o menor registrado desde 2009. O valor mais alto a que chegou — R$ 39.580 mil por pessoa, em 2013 — ficou ainda mais longe de ser novamente alcançado.

    Na média, o PIB per capita caiu 0,6% ao ano ao longo da última década, de acordo com a FGV. Nos anos de 1980, a queda média foi de 0,4%. Juntas, as duas décadas são as únicas desde 1900 em que o país andou para trás, ou seja, saiu ao fim delas mais empobrecido do que entrou.

    Pior década com ou sem pandemia 

    O estrago econômico deixado pela pandemia responde por uma parte grande dessa história, mas não é o único responsável por ela. Mesmo se 2020 não tivesse tido uma crise sanitária, a última década acabaria entre as piores da história brasileira. 

    Se, por exemplo, o PIB do ano passado tivesse repetido a mesmo ritmo dos três anteriores — avanço de 1,5% —, o crescimento médio da década teria sido de apenas 0,6% ao ano, ainda o pior desde 1900. A média de crescimento do PIB per capita ficaria em zero, quase empatando com a década de 1980 da mesma maneira.

    Não dá para botar a culpa na pandemia, ela só intensificou uma situação que já era ruim

    Silvia Matos, pesquisadora sênior de economia aplicada do FGV/Ibre

    “A nossa primeira década perdida foi realmente os anos 80. Mas, ao mesmo tempo em que ela teve anos muito negativos, o crescimento era rápido depois”, disse a pesquisadora da FGV.

    “É o que em geral acontece quando há uma recessão, mas não foi o que aconteceu desta vez. Tivemos uma recessão intensa entre 2015 e 2016, mas depois vieram três anos de crescimento muito baixo. Não tínhamos nem recuperado o nível anterior ainda quando veio a pandemia.”

     

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