Taxação de Big Techs e multinacionais são prioridades do Brasil à frente do G20

Secretária de Assuntos Internacionais da Fazenda, Tatiana Rosito comentou à CNN planos para ajudar na construção de tributação global mais progressiva

Danilo Moliterno, da CNN, São Paulo
Secretária de Assuntos Internacionais da Fazenda, Tatiana Rosito
Secretária de Assuntos Internacionais da Fazenda, Tatiana Rosito  • Washington Costa/MF
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Fixar uma alíquota mínima para a taxação de multinacionais e estabelecer novas regras para a tributação de Big Techs estão entre as prioridades do Brasil na presidência do G20, o grupo das principais economias globais.

A secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, comentou em entrevista à CNN os planos da gestão.

Em 2021, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o G20 construíram uma “solução de dois pilares” para enfrentar os desafios da digitalização da economia. A ideia é de que o Brasil leve à frente esta agenda durante sua gestão, capacitando administrações tributárias para implementar as ações.

A secretária explica que o Pilar 1 define como os lucros de grandes multinacionais são distribuídos aos mercados consumidores. Essa é uma questão relevante para as chamadas Big Techs, como Google, Meta, Amazon — que têm suas operações em determinado mercado, mas são consumidas em outros.

As discussões buscam equilibrar a compensação aos países, mas também evitar que essas companhias sejam tributadas duas vezes (na origem e no destino). Para isso, será exigida a exclusão de impostos sobre produtos digitais.

O texto de um acordo foi anunciado no último encontro do grupo, em outubro deste ano, na cidade de Marrakech, e aguarda a assinatura dos países.

“Vamos continuar trabalhando. O Brasil é parte dessa negociação para a implementação, com foco no desenvolvimento de capacidade de administrações tributárias, sobretudo nos países em desenvolvimento, para ajustar todos os sistemas necessários para fazer esta tributação”, indica Rosito.

O Pilar 2 estabelece uma tributação mínima de 15% sobre os rendimentos das multinacionais. Para Rosito, os alicerces do plano são complementares e precisam ser tomados em conjunto, já que a alíquota só será efetiva se não houver possibilidade de evasão fiscal.

Em 2021, 136 países assinaram um acordo para estabelecer esta “moldura”.

A secretária indica que a Receita Federal fará uma proposta para a implementação da solução no Brasil. A decisão política sobre a taxação será tomada após o Fisco submeter seu estudo técnico ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“Queremos levar as discussões para além destes pilares [no G20]. Vamos chamar a atenção para a relação entre tributação e desigualdade, para a necessidade haver uma tributação mais progressiva e justa, dado que nos últimos anos você tem assistido, em todos os países, a um aumento da desigualdade”, completou a secretária.

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