Enem: entenda o que é a TRI e como ela molda sua nota final
Modelo estatístico do Inep avalia coerência das respostas; especialista dá dicas para otimizar desempenho e desmistificar o cálculo
Tatiana Cavalcanti, colaboração para a CNN Brasil

Com a proximidade do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), a famosa TRI (Teoria de Resposta ao Item) volta a gerar dúvidas e mitos entre os candidatos. Entender essa metodologia, que vai além do simples número de acertos, é crucial para otimizar o desempenho e garantir uma nota justa.
Adotada pelo Enem desde 2009, a TRI é um modelo estatístico que avalia não apenas a quantidade de acertos, mas a coerência do padrão de respostas de cada estudante. Diferente da soma linear de pontos, ela busca medir o nível real de proficiência em cada área do conhecimento.
"A TRI foi criada para tornar a avaliação mais justa e confiável, reduzindo o impacto do acaso. Ela valoriza o conhecimento real, não o chute", afirma Gabrielle Batemarqui, trainee pedagógica do Grupo Salta Educação.
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pelo Enem, esclarece que a TRI é um conjunto de modelos matemáticos que representa a relação entre a probabilidade de o participante responder corretamente a uma questão, seu conhecimento na área em que está sendo avaliado e as características de cada item.
A nota final considera a particularidade de cada questão, que possui três parâmetros: discriminação (poder de diferenciar quem domina a habilidade), dificuldade (quanto mais difícil, maior seu valor) e acerto casual (probabilidade de acerto por chute).
É importante ressaltar que a nota do participante depende somente de seu conhecimento e de seu momento na prova, não do desempenho de outros candidatos, segundo o Inep.
Essa metodologia valoriza a coerência pedagógica. Ou seja, espera-se que um estudante que acerte questões difíceis também acerte as fáceis, pois o conhecimento é cumulativo. "Acertar uma questão difícil só faz diferença se o aluno também demonstra domínio das mais básicas", diz Gabrielle.
O Inep complementa que, se um participante acerta itens complexos e erra os mais simples, o sistema pode inferir um "chute", diminuindo o peso desses acertos na nota final.
Diante dessa lógica, diz a especialista, alguns mitos são desfeitos. "Chutar questões difíceis aumenta muito a nota": é um equívoco, pois a TRI detecta incoerências e pode reduzir o peso desses acertos.
Embora "errar não tire pontos", errar muitas questões fáceis compromete a coerência e, consequentemente, a pontuação, diz Gabrielle. Além disso, não é possível calcular a nota antes da divulgação oficial, já que ela depende do desempenho nacional e de parâmetros não públicos.
Melhor ter estratégia
Para garantir o melhor desempenho, Gabrielle sugere estratégias como começar pelas questões fáceis, que são a base da nota, e gerenciar o tempo, evitando gastar minutos preciosos em itens muito difíceis logo de cara. Fazer simulados estratégicos para identificar o nível de dificuldade e treinar o "chute inteligente", eliminando alternativas improváveis, também são atitudes que fazem a diferença.
Compreender a TRI não só reduz a ansiedade, mas aumenta o controle sobre a prova. "O aluno passa a perceber que não precisa acertar tudo, e sim responder de forma coerente. Isso muda completamente a relação com o Enem e traz mais confiança", diz Gabrielle.


