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    Candidatos trocam acusações e falam de religião durante debate em SP; veja como foi

    Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB) foram convidados para debate nesta segunda-feira (30)

    Renata Souzada CNNLeticia Martinscolaboração para a CNN , São Paulo

    Os candidatos a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB) se encontraram nesta segunda-feira (30) para o penúltimo debate a ser realizado antes do primeiro turno das eleições.

    Foram convidados por Folha/UOL os quatro oponentes mais bem colocados numericamente nas recentes pesquisas do instituto Datafolha.

    Os candidatos tiveram 20 minutos cada para gerenciar entre quatro blocos – dois em que respondiam perguntas de jornalistas e dois em que podiam perguntar um para o outro –, além das considerações finais.

    Passaporte da vacina

    No início do debate, o atual prefeito Ricardo Nunes foi questionado sobre uma mudança de posicionamento em relação ao “passaporte da vacina”, implementado pela cidade de São Paulo durante a pandemia de Covid-19.

    “A pandemia começou tem cinco anos. Evidentemente, que todo o processo você vai aprendendo, vai acertando. Não existe problema nenhum com relação você ter humildade de ir ajustando e poder ir fazendo aquilo que a gente aprende durante as ações”, disse.

    Sobre a demissão de funcionários que não teriam se vacinado contra a doença, Nunes afirmou que “não houve nenhum funcionário público demitido. Segundo o emedebista, houve a “demissão de três pessoas, mas foram pessoas de cargos comissionados”.

    Tanto Tabata quanto Marçal pediram a palavra para comentar as declarações de Nunes.

    “Eu queria chamar a atenção para o tanto que os meus adversários vêm abrindo mão de suas convicções, vem mudando aquilo que defendem, justamente por um cálculo eleitoral”, afirmou Tabata.

    “É bonito ver alguém falando que aprende com o erro e muda essa rota. A verdade não foi essa. A verdade é que essa mudança de postura do Ricardo Nunes foi nas últimas semanas, porque deputados federais cobraram isso dele”, disse Marçal.

    Na sequência, Boulos foi questionado sobre suposto recuo em alguns de seus posicionamentos, como no caso de sua opinião sobre o governo da Venezuela.

    “A questão é que tenta-se fazer um debate ideológico em uma eleição municipal, onde se deveria discutir os grandes temas da cidade. Alguém acha que quem sai cedo lá do Jardim São Luiz, a preocupação dele é a Venezuela ou é o ônibus lotado?”, afirmou.

    Tabata, por sua vez, foi questionada sobre a votação na Câmara, no final do ano passado, do projeto de lei que regulamenta apostas on-line.

    “Apesar de não ter esse voto específico registrado, a minha posição é conhecida”, disse a candidata.

    “Então o que eu defendo: que a gente possa ir para cima disso que está acontecendo, fiscalizar, regulamentar. Garantir, inclusive, que esse lucro todo que está tendo hoje seja controlado e que uma parte desse dinheiro vá para a saúde. Vício em jogo é igual vício em droga, não tem nada de diferente, é um adoecimento mental”, completou.

    Internação por depressão

    Na última pergunta do primeiro bloco, Marçal foi questionado sobre a reiterada acusação contra o adversário do PSOL por suposto uso de drogas. O candidato reiterou que mostraria o dito processo ainda nesta semana, conforme prometeu ao longo da campanha.

    “Eu prometi mostrar na última semana e vou falar sobre isso”, afirmou. Durante a fala, Marçal sugeriu que o caso teria relação com o Hospital do Servidor. Boulos, então, pediu a palavra e falou sobre uma internação por depressão na instituição citada.

    “Quando ele cita o Hospital do Servidor, ele está se referindo a um período quando, com 19 anos, eu enfrentei uma depressão crônica. Nunca disse isso publicamente, porque não cabe, e fiquei alguns dias no Hospital do Servidor. Enfrentei como muitos jovens enfrentam. E lidei com ela, venci a depressão e segui em frente, que é o que eu desejo para todos que enfrentam uma depressão”, afirmou o atual deputado federal.

    Em meio ao embate, Marçal ainda perguntou se Boulos já havia usado algum tipo de droga ao longo da vida.

    “Nunca usei cocaína, para que fique muito claro, não uso drogas. E já que ele quer saber, se é o nível, é lamentável, maconha eu provei uma vez na adolescência, me deu uma dor de cabeça danada e nunca mais”, respondeu o parlamentar.

    Discussão sobre religião

    No segundo bloco, quando podiam utilizar o tempo para direcionar perguntas uns aos outros, os candidatos falaram desde concepções sobre a classe média brasileira até apoio de padrinhos políticos, ações da atual gestão e tratamento a pessoas com deficiência.

    Na segunda pergunta do bloco, que iniciou com um questionamento de Boulos sobre as ações de Nunes a frente da prefeitura, os quatros candidatos se envolveram em um bate-boca que incluiu de citação de versículos bíblicos a crenças religiosas.

    A discussão começou com Marçal acusando Nunes de ter se “enrolado” ao citar um trecho da Bíblia em um debate anterior. O candidato pediu, então, que o atual prefeito comprovasse sua relação com a religião. “Mostra que você é alguém que é assíduo na palavra, que é homem de oração”, disse.

    Sobre o que classificou por “instrumentalização da fé”, Tabata afirmou: “vocês nunca vão me ver entrando nessa competição de a gente falar da nossa relação com Deus para ganhar um voto, porque essa é a última coisa que um cristão faria”.

    “Essa coisa de querer falar de religião é muito ruim. Sabe o que fica feio para você [Marçal]? Você ir lá na Assembleia de Deus falar com um grande líder e depois ficar postando que ele te apoia, se ele não te apoia”, disse Nunes, que ainda citou um trecho bíblico.

    “É também lamentável a gente ver que um debate, com todos os desafios que tem São Paulo, nos últimos cinco minutos rodou aqui entre os candidatos sobre quem seria mais cristão, quem seria cristão verdadeiro. Francamente, eu não acho que esse é um tema que nós precisamos discutir quando a gente quer governar São Paulo”, declarou Boulos.

    “Mulher não vota em mulher, a mulher é inteligente”

    Na continuação do embate, Marçal chegou a declarar que “mulher não vota em mulher, a mulher é inteligente”.

    “O esforço da Tabata é de parecer a mais sábia. Ela é a mais inteligente, só que a sabedoria dela é a mais baixa. Isso porque sabedoria envolve experiência e o fato dela ficar esbravejando como se fosse a tia do colégio aqui entre nós, ela quer provar para você que é mulher… Oh Tabata, se mulher votasse em mulher você ia ganhar no primeiro turno. A mulher não vota em mulher, a mulher é inteligente, ela tem sabedoria, tem experiência”, afirmou o candidato do PRTB.

    Mais tarde, ao final do debate, Marçal foi questionado por um jornalista do UOL sobre sua declaração.

    “Eu falei que se mulher votasse em mulher, a Tabata estava em primeiro porque o eleitorado inteiro, a maior parte é feminino, falei que se negro votasse em negro, a gente ia estar com 75% dos votos porque tenho uma negra de vice na minha chapa. Então eu falei, as mulheres são inteligentes, elas não vão votar na Tabata. A Tabata está vivendo um processo de querer desqualificar os homens e falar que ela vai receber votos de mulher porque ela é mulher”, respondeu Marçal.

    Autoria de projetos

    No terceiro bloco, Tabata foi questionada sobre uma reportagem que aponta divergência em relação à autoria de projetos que a atual deputada federal mencionou ao longo de sua campanha.

    “Quem tiver qualquer dúvida, digita pé-de-meia e vê que é a autora do projeto; quem tiver qualquer dúvida, procura todos os autores da lei de distribuição de absorventes. As pessoas não são bobas, elas estão acompanhando e elas sabem que justamente por eu não ter esses ‘B.Os’ que esse povo aqui tem, tenho sim muito trabalho, e é isso que vão atacar”, afirmou.

    Ao longo do bloco, Marçal foi questionado sobre a transferência de seu título eleitoral e sobre a confiança dos eleitores; Nunes, sobre o cumprimento da prefeitura ao serviço de aborto legal; e, Boulos, sobre a conquista de votos na periferia e sobre a frequência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua campanha.

    Violência doméstica

    O último bloco do debate teve perguntas entre os candidatos, que passaram por diversos temas, incluindo arcabouço fiscal e apoios políticos.

    O bloco também foi marcado por reiteradas vezes em que Marçal questionou Nunes sobre um boletim de ocorrência que teria sido registrado pela esposa do prefeito por violência doméstica.

    O candidato do PRTB citou o caso, ao menos, nove vezes. “Por que sua esposa registrou boletim por violência doméstica?”, questionou Marçal.

    “Eu sou casado há 27 anos, eu amo a minha esposa e nunca levantei um dedo para ela”, respondeu Nunes.

    No final do quarto bloco, Boulos também questionou Ricardo Nunes sobre o boletim de ocorrência.

    “Tem uma série de questões sem respostas, Ricardo Nunes. O inquérito da máfia das creches que você está sendo investigado, risco não só para você, mas para São Paulo. Existe uma acusação inclusive que a sua esposa estava sendo utilizada como laranja. Existe uma colocação real sobre a questão do boletim de ocorrência que você precisa responder. O Marçal é um provocador, mas existe uma acusação”, disse o candidato do PSOL.

    Nunes tinha poucos segundos restantes para falar no debate, mas, durante um direito de resposta com duração de um minuto, respondeu dizendo que “não existe absolutamente nada disso que o Guilherme Boulos está falando. Nunca tive e nunca terei nenhum envolvimento com nada”.

    *Com informações de Manoela Carlucci, em colaboração para a CNN

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