Plano Diretor, transporte e meio ambiente são temas de debate da Itatiaia em BH; veja como foi
Encontro contou com sete candidatos e foi o penúltimo antes da votação
Participaram do debate organizado pela Itatiaia os candidatos à prefeitura de Belo Horizonte, Bruno Engler (PL), Carlos Viana (Podemos), Duda Salabert (PDT), Fuad Noman (PSD), Gabriel Azevedo (MDB), Mauro Tramonte (Republicanos) e Rogério Correia (PT).
O debate teve cinco blocos com foco em propostas, sendo o último somente para as considerações finais.
Mobilidade urbana
Ao longo do debate, um dos temas mais comentados pelos candidatos foi a questão da mobilidade urbana na capital mineira.
Logo no início do primeiro bloco, Mauro Tramonte questionou Duda Salabert sobre como melhorar a qualidade do transporte público na cidade.
“Belo Horizonte tem hoje o segundo pior trânsito do Brasil. Um dos 50 piores trânsitos do mundo. Você que está nos escutando aqui agora, possivelmente está em um engarrafamento”, destacou a candidata.
Segundo ela, para reverter esse cenário, suas propostas incluem rever o contrato com as empresas que operam no município e implementar o sistema de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).
Na sequência, a candidata do PDT perguntou a Gabriel Azevedo sobre suas ideias relacionadas à atuação dos taxistas.
“As cidades que estão na frente, como Londres, por exemplo, sabem que os taxistas fazem parte do patrimônio urbano, porque tratam bem os turistas, sabem carregar as pessoas com todo carinho e não podem ser prejudicados pela prefeitura”, afirmou o candidato.
“Nós precisamos garantir que haja faixas exclusivas para que os taxistas tenham prioridade de deslocamentos em relação a outros veículos”, acrescentou.
Já o emedebista questionou Carlos Viana sobre a expansão do metrô em Belo Horizonte.
“As obras agora são uma realidade, vão ser entregues em 2028. É um contrato com o BNDES”, afirmou o candidato do Podemos. Viana ainda defendeu o diálogo com a iniciativa privada e com os ministros do governo federal.
Ao longo do bloco inicial, o atual prefeito, Fuad Noman, ainda foi questionado sobre sua relação com empresários ligados ao setor do transporte público.
“Nós estamos falando de um jantar de adesão feito pelos empresários de Belo Horizonte que reconheceram no meu trabalho a necessidade de continuar servindo BH. Dos 90 convites, cinco ou sete convites foram vendidos para uns empresários de ônibus. Isso representou apenas 35 mil reais de contribuição, que está registrado, tudo dentro da regra, tudo dentro da lei”, respondeu o candidato à reeleição.
Ao longo do primeiro bloco, os candidatos ainda falaram de temas como a erradicação da fome, o atendimento a pessoas em vulnerabilidade, desde crianças com deficiência e idosos.
Plano Diretor
Ainda no primeiro bloco, o candidato Bruno Engler questionou Tramonte sobre alterações no Plano Diretor da cidade.
O candidato do PL mencionou a última mudança no plano, que ocorreu na gestão de Alexandre Kalil, e que, segundo ele, teria afastado o setor da construção civil da capital.
“Se o Kalil errou, isso é problema dele. O que interessa é que eu vou fazer a partir de agora. Se a Maria Caldas veio aqui, passou aí um grande problema para todo mundo, isso não é problema para mim. O meu problema agora vai ser fazer esse plano diretor ser aceitável a todos, principalmente para a Câmara Municipal”, respondeu Tramonte.
Na réplica, Engler voltou a falar sobre o impacto da medida para o setor e citou suas ideias para uma eventual gestão.
“Nós vamos ampliar novamente o direito de construção para que a gente possa voltar a ter geração de emprego, renda, oportunidade, baixar o preço dos imóveis e baixar o preço do aluguel”, afirmou.
Ao longo do primeiro bloco, os candidatos ainda falaram de temas como a erradicação da fome e o atendimento a pessoas em vulnerabilidade, desde crianças com deficiência e idosos.
Problemas da cidade
Ao longo do segundo bloco, os candidatos tiveram mais embates diretos, mas com temas sorteados ao vivo.
Na rodada, os concorrentes foram provocados a falar sobre problemas da cidade, segundo a avaliação dos moradores mensurada em uma pesquisa de opinião.
Fuad falou sobre a melhoria das escolas em Belo Horizonte e afirmou que sua gestão está “fazendo um esforço muito grande para recuperar esses alunos que ficaram meio abandonados durante a pandemia”.
Na sequência, o atual prefeito perguntou a Tramonte sobre a Saúde na capital.
O candidato do Republicanos mencionou a contratação de profissionais e as dificuldades enfrentadas pela população.
“Era para estar abarrotado de gente aí nas UPAs, nos centros de saúde, e não é isso que se vê. As mães reclamam que vão nas UPAs e não tem médicos”, disse.
O bloco seguiu com uma pergunta de Tramonte a Correia sobre a questão da violência na cidade. O petista afirmou que pretende valorizar a guarda municipal.
“Tenho aqui para Belo Horizonte que a guarda precisa, além da defesa do patrimônio, ela também é armada exatamente para que possa fazer prevenção nas ruas e evitar crimes”, afirmou.
Duda foi questionada sobre ações para lidar com enchentes e contenção de encostas. A candidata avaliou que há falta de preparo da cidade para lidar com as mudanças climáticas e citou propostas de sua campanha.
“Nós vamos ampliar o Orçamento, arborizar Belo Horizonte, porque sabemos que a política de arborização e ampliar as áreas verdes é fundamental para que nós tornemos BH uma cidade esponja e não uma cidade estufa como é agora”, afirmou.
O candidato do Podemos foi perguntado sobre como superar o problema do trânsito e do transporte coletivo.
“O que nós temos que fazer é, com clareza, a integração do transporte da região metropolitana Norte, metropolitana Sul, com a linha do metrô”, declarou Viana.
Depois, Viana perguntou a Engler sobre a questão das pessoas em situação de rua na capital. O candidato do PL falou sobre a necessidade de “entender o problema” para solucioná-lo.
“Se a prefeitura não sabe nem quantos moradores de rua tem em Belo Horizonte, como é que ela vai resolver o problema? Nós vamos fazer um mapeamento amplo dos moradores de rua de BH para entender quantos são e aonde estão. E, a partir daí, conversar com cada um deles”, disse.
No encerramento do bloco, Engler questionou Gabriel sobre o trânsito da cidade.
“O nosso plano quer mudar a lógica de moradia em Belo Horizonte, facilitando a construção civil para que as pessoas não precisem morar longe de onde elas trabalham”, afirmou o emedebista.
O candidato do PT, Rogério Correia, afirmou, no terceiro bloco, que deve “fazer outras propostas que vão envolver transportes, vamos resolver o transporte durante a noite” e sanar a taxação do transporte escolar – questão que foi levantada por um morador de Belo Horizonte.
Trânsito e poluição
No terceiro bloco do debate, os sete candidatos responderam a perguntas de moradores da capital mineira. Na rodada, se sobressaíram assuntos como o meio ambiente e o trânsito de Belo Horizonte.
Fuad Noman destacou que a questão do transporte público teve uma melhoria em relação ao ano passado.
“As pessoas falam muito em transporte, mas esquecem, por exemplo, que segundo os dados do CRTT, hoje, a cada 10 mil passageiros, nós temos uma reclamação. Ou seja, melhorou muito em relação ao que era no ano passado por conta do programa chamado “Tolerância Zero em que nós tiramos das ruas os ônibus com defeito, estragados”, disse o atual prefeito de Belo Horizonte.
Já Tramonte prometeu levar a Belo Horizonte os corredores em avenidas e ruas exclusivos para as motos, que buscam melhorar o trânsito.
“Fizemos um levantamento e sabemos que tem muitas avenidas que comportam essa Faixa Azul. Lá [em São Paulo] é chamada Faixa Azul. Aqui, nós vamos colocar ‘moto faixa’”, afirmou.
Carlos Viana também foi questionado sobre a questão da mobilidade e respondeu à pergunta de um morador sobre as melhorias no trânsito em BH com a proposta de “fazer integração das tarifas, valorizar e respeitar quem ganha pouco e dar a essas pessoas mobilidade, fazer com que o trânsito ande melhor”.
Já Rogério Correia, no quarto bloco, falou sobre a questão de transporte, afirmando que, em relação ao metrô, ele não pretende privatizar.
“O PT trabalha a favor do metrô. Uma questão é a privatização, isso o PT não trabalha. Não somos a favor de privatizar o serviço público”, disse o petista.
E acrescentou que “com o presidente Lula vamos poder trazer muita coisa boa pra Belo Horizonte, principalmente obras de infraestrutura, obras do anel rodoviários que são caras e é certamente necessário o recurso do governo federal”.
Em relação à poluição, um cidadão de BH questionou o candidato Bruno Engler sobre como ele vai combater as enchentes na cidade.
Engler respondeu que, se eleito, vai investir em tecnologias e vai concluir as obras que estão em andamento das bacias de contenção.
“Tem muito ainda o que ser feito, mas nós vamos concluir as obras que estão em andamento, vamos buscar também outras soluções mais modernas que tem surgido no mundo, que funcionam lá fora e que com certeza vão funcionar também aqui na nossa capital, porque a gente sabe que a chuva pode vir intensa e a gente precisa estar preparado para que a gente não tenha tragédias”, disse Engler.
A candidata Duda Salabert respondeu a uma questão sobre a poluição da Lagoa da Pampulha. Salabert afirmou que os rios, córregos e fluxos de água terão prioridade em sua gestão e se comprometeu a renunciar ao cargo se os níveis da lagoa não melhorarem em dois anos.
“No primeiro dia de mandato, nós vamos aferir a qualidade da água da Lagoa de Pampulha. Vamos publicizar, convidar todos os jornalistas para estarem conosco, porque Belo Horizonte tem que saber qual é a qualidade da água da Lagoa da Pampulha hoje. Dois anos depois, vamos todo mundo aferir novamente essa qualidade e publicizar. Se a qualidade da Lagoa de Pampulha não tiver melhorado consideravelmente, eu iriei renunciar ao cargo de perfeita”, disse.
Saúde e educação
Na rodada de perguntas livres, Tramonte afirmou que a prefeitura contratou mais de 3.500 profissionais, mas mesmo assim as UPAs da cidade continuavam lotadas. Ele questionou o adversário Bruno Engler sobre onde estariam esses profissionais.
Engler enfatizou que a saúde é caótica, porque falta gestão.
“São mais de 6 bilhões por ano investidos em saúde, mas [a prefeitura] investe mal. O serviço de saúde da nossa capital é vergonhoso”, respondeu o candidato do PL.
Na réplica, Tramonte falou sobre lotação das UPAs, falta de médicos e de insumos.
“Vamos criar o ZAP da saúde para que a pessoa seja avisada; nós vamos colocar mais segurança em postos de saúde”, mencionou o candidato sobre algumas de suas propostas.
Sobre educação, Viana disse que quer implementar de volta o ensino médio regular pela manhã e a tarde o ensino profissionalizante “para ninguém ficar nas esquinas sem ter o que fazer”.
Já Fuad Noman, afirmou que durante a pandemia, período em que houve muitos alunos fora da escola, “colocamos internet em todas as vilas e favelas para que os alunos pudessem estudar”.
Duda Salabert, por sua vez, destacou que pagará o maior salário para professores e vai melhorar a infraestrutura nas escolas.
“Adaptar as escolas para a crise climática, para que o diretor não fique mais responsável pela estrutura escolar, mas sim para a questão pedagógica, para a gente crescer, avançar. Outro ponto, saúde mental nas escolas. Outro ponto importante é colocar a educação na prioridade orçamentária”, afirmou.
Gabriel Azevedo, em sua réplica, disse que, se eleito prefeito, “toda escola de Belo Horizonte vai ter o ensino integral ampliado, com carreira de professor, piso pago e o ensino que é para a vida, com escola que é para o futuro”.
Outros candidatos
Os demais três candidatos na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte — Indira Xavier (UP), Lourdes Francisco (PCO) e Wanderson Rocha (PSTU) — não foram convidados porque seus respectivos partidos não têm mais de cinco parlamentares no Congresso Nacional.
*Com informações de Renata Souza, da CNN; Leticia Martins e Jean Araújo, em colaboração para a CNN
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