EUA não conseguem emplacar uma "música do verão" em 2025; entenda o cenário

O verão norte-americano de 2025 está muito carente de um "Espresso". Longe vão os dias de suor em que "Not Like Us" incendiava festas por todo o país, unindo os críticos de Drake em todos os lugares. Há "homens-criança" e "margaridas", e hinos animados de "KPop Demon Hunters", mas nada que tenha causado um impacto cultural tão grande quanto "Birds of a Feather" ou qualquer coisa de "Brat".

Não há uma "música do verão" este ano. E se houver, provavelmente é triste.

As 10 músicas mais tocadas na Billboard Hot 100 são, em grande parte, desanimadoras. No primeiro lugar, a balada vagamente cristã "Ordinary", de Alex Warren, é mais adequada para uma sessão de estudo tranquila do que para uma festa barulhenta. Morgan Wallen, recém-chegado da terra de Deus, não consegue disfarçar o entusiasmo em seus recentes singles "meio prontos". Até o príncipe do pop, Justin Bieber, está discreto em seu novo álbum, que aposta em guitarras esparsas e melancólicas. Isso, vindo de um dos homens por trás da música do verão de 2017, "Despacito".

E então, se as músicas mais populares do país não são um tanto sombrias ou excessivamente suaves, elas são remanescentes de 2024 (ou mais antigas). Este ano, parece que deixamos o estardalhaço pop em 2024.

"Estamos saindo de uma enorme onda de coisas incríveis", disse Mike Errico, compositor e instrutor do Clive Davis Institute of Recorded Music da Universidade de Nova York. "Muito do que 2025 lançou — são meio para baixo, meio com pouca energia. É bom, mas não vai iluminar uma sala."

O estado da música do verão está em crise. Ainda há tempo para encontrar uma música definitiva que una tanto os esnobes quanto os ouvintes casuais — o novo álbum de Sabrina Carpenter chega no final de agosto, afinal — mas, até agora, a música do verão de 2025 é um longo suspiro.

2024 foi especial

No verão passado, conhecemos novas e empolgantes estrelas pop como Chappell Roan. Artistas underdogs como Charli XCX e Sabrina Carpenter, que trabalharam constantemente por anos como favoritas de nicho, finalmente estouraram. E talvez você tenha ouvido que duas das mulheres mais famosas do mundo — Taylor Swift, Beyoncé — lançaram projetos no ano passado?

"2024 foi excepcional", disse Errico. "Não acho que se veja isso com frequência — hits realmente gigantescos, com vidas insanamente longas nas paradas."

A nova música popular deste ano tem sido decididamente melancólica, com baladas e canções country reflexivas no topo das paradas, disse Errico. Até "Daisies" de Bieber, que alcançou altas posições nas semanas após seu lançamento, é relativamente contida para um ex-colaborador de artistas vibrantes como Skrillex e Quavo.

"Muitas coisas tinham pouca energia", disse Errico sobre as novas músicas deste ano. "É bom para ambientes com pouca luz, mas não acho que isso esteja associado à 'música do verão'."

Idealmente, uma música do verão é "brilhante, pop, animada", disse Errico — uma celebração em miniatura que é fácil de dançar. É uma música que não vai cansar, mesmo que você a ouça um milhão de vezes em um verão. Este ano "não entregou isso", disse ele.

"Talvez tenhamos gastado todas as nossas balas em 2024 de uma vez", disse ele.

As músicas mais populares deste verão não são novas

"Precisamos que a música do verão seja novinha em folha?", Errico ponderou. "Pode ser algo de, ah, 10 meses atrás?"

As datas de lançamento não impediram que algumas das músicas mais populares do ano continuassem a subir. Quatro das 10 músicas mais tocadas na Billboard Hot 100 foram lançadas em 2024, incluindo "A Bar Song (Tipsy)" de Shaboozey, uma música country rústica e facilmente cantável que está nas paradas há mais de um ano, e "Luther", a canção descontraída de Kendrick Lamar com SZA.

O dueto suave de Lady Gaga e Bruno Mars de 2024, "Die with a Smile", sobreviveu por quase um ano no top 10 — enquanto isso, os cortes pontiagudos e dançantes do novo álbum de Gaga, "Mayhem", desapareceram. (Há também a inexplicavelmente popular "Lose Control" de Teddy Swims, que já tem mais de dois anos.)

"Acho que isso fala do poder de 2024, que elas ainda estão nas paradas em 2025", disse Errico. "Talvez 2024 ainda não tenha acabado."

Músicas com peso cultural não estão nas paradas

Existe um tipo de música que causa menos impacto na chegada, mas acaba definindo o verão, como "360", "Guess" e "Apple" do álbum "Brat" de Charli XCX.

Este ano, esse espaço parece ser preenchido por "Illegal" de PinkPantheress, que já embalou mais de um milhão de TikToks e contando. Ela saiu das paradas rapidamente após seu lançamento em maio, mas preenche o requisito de "chiclete de ouvido", e é um raro hit viral que ainda não esgotou sua recepção. Também estão em disputa músicas da emergente estrela pop e ídolo original do TikTok Addison Rae e Ravyn Lenae, cuja "Love Me Not" é uma joia rara e animada no top 10.

"Você não está vendo (essas músicas) em massa, mas talvez isso seja melhor", disse Errico sobre os hits cults. "Talvez nem todos devam ser convidados para uma única festa. Talvez devêssemos ter festas diferentes com playlists diferentes que reflitam um grupo menor, mas mais dedicado de pessoas."

É possível que, quando olharmos para este verão daqui a um ano, músicas mais antigas venham à mente, Errico sugeriu. O "apagão" do CEO no show do Coldplay em julho se tornou uma das maiores histórias do verão, e os fãs podem se lembrar do momento ao som de "The Scientist" ou "Fix You". A morte de Ozzy Osbourne já levou os fãs a revisitar seus maiores sucessos, como o clássico de karaokê "Crazy Train".

Ou talvez, Errico sugeriu, a música do verão seja aquela que melhor exemplifica o avanço acelerado da IA nos campos criativos, como a música da banda de IA Velvet Sundown, "Dust on the Wind". Até o título soa como um prompt do ChatGPT inspirado em Fleetwood Mac.

A música do verão está morta?

Essa busca infrutífera pela música do verão fez Errico se perguntar: precisamos de uma este ano? As músicas de 2024 já estão nos mantendo.

"Talvez a música precisasse desse minuto para relaxar", disse ele. "Vamos deixar todo mundo digerir e voltar forte no próximo verão."

Talvez voltemos às coisas boas no verão de 2026. Ou talvez as entradas tardias como Carpenter; Tyler, The Creator e Chappell Roan (cuja nova música *é* uma balada) possam dominar a estação — ou o ano.

Afinal, Errico disse: "Uma boa música é boa por mais tempo do que o verão."