Filme no Festival de Berlim relaciona hipopótamo de Escobar com colonialismo
Pepe, animal do zoológico particular do traficante colombiano, é o foco de um dos filmes do Berlinale

A história de Pepe, um hipopótamo do zoológico particular do traficante colombiano Pablo Escobar, inspirou o diretor dominicano Nelson Carlo de los Santos Arias a fazer um filme que refletisse sobre o impacto do colonialismo. Isso foi dito pelo próprio diretor durante uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (20).
O hipopótamo, um dos muitos animais selvagens mantidos na propriedade particular de Escobar, escapou para a zona rural dos arredores e viveu lá por muitos anos após a morte do chefão das drogas em 1993. A situação chegou a se tornar até um problema na Colômbia
"Eu estava interessado em todo o simbolismo e em tudo o que emana dessa história... e isso me fez pensar sobre o deslocamento", disse o diretor.
"Pepe", com estreia no Festival de Cinema de Berlim que estreou nesta terça (20), conta a história a partir da perspectiva do hipopótamo. O filme mostra a juventude de Pepe, que fala africâner na Namíbia, e sua morte como falante de espanhol nas mãos de um caçador alemão na Colômbia, muitos anos depois.
"Pepe é quase um filósofo decolonial", disse o diretor, ressaltando que o filme começa no contexto histórico do apartheid. Ele descreveu o monólogo de Pepe como "uma espécie de poesia" sobre sua situação.
Durante todo o tempo, Pepe vive de acordo com os termos de outras pessoas: apresentando-se para um grupo de turistas alemães na Namíbia, facilitando a megalomania de Escobar, servindo como o monstro da imaginação dos moradores locais da Colômbia e, finalmente, tornando-se um troféu para um caçador alemão chamado para abater um animal considerado uma espécie invasora.

As reflexões de Pepe são transmitidas em um tom gutural por uma série de atores, dependendo do idioma que ele está falando.
"Vi um anúncio em que estavam procurando a voz de um hipopótamo e disse imediatamente: 'sou eu!'", afirmou um deles, Jhon Narvaez.