“Jurados devolveram a minha vida”, diz Johnny Depp; Amber Heard vê “decepção”
Logo após o resultado final do julgamento, o ator se manifestou nas redes sociais; Amber Heard também publicou e disse que "a decepção que sinto hoje vai além das palavras"
Enquanto dezenas de fãs de Johnny Depp se amontavam do lado de fora do tribunal de Fairfax, em Virgínia, comemorando o veredicto do julgamento do processo de difamação, nesta quarta-feira (1), o ator também celebrava, mas nas redes sociais.
Depp, que não compareceu ao tribunal, escreveu em seu perfil do Instagram que, “depois de seis anos, os jurados devolveram a minha vida”.
“Desde o início, o objetivo de trazer este caso era revelar a verdade, independentemente do resultado. Falar a verdade era algo que eu devia aos meus filhos e a todos aqueles que permaneceram firmes em meu apoio”, disse ele. “Sinto-me em paz sabendo que finalmente consegui isso.”
Apesar do júri considerar tanto Depp quanto Amber Heard responsáveis por difamação em seus processos um contra o outro, Depp saiu vitorioso no julgamento.
“Estou, e tenho sido, dominado pela manifestação de amor e colossal apoio e bondade de todo o mundo. Espero que minha busca para que a verdade seja dita tenha ajudado outros, homens ou mulheres, que se encontraram na minha situação, e que aqueles que os apoiam nunca desistam. Também espero que a posição agora volte a ser inocente até que se prove o contrário, tanto nos tribunais quanto na mídia.”
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Logo em seguida, Amber que escutou dos jurados que “agiu de má fé” no artigo escrito por ela publicado em 2018 no jornal “The Washington Post”, também se manifestou pelo Instagram.
“A decepção que sinto hoje vai além das palavras. Estou com o coração partido que a montanha de evidências ainda não foi suficiente para resistir ao poder e influência desproporcionais de meu ex-marido”, disse Heard.
“Estou ainda mais desapontada com o que esse veredicto significa para outras mulheres”, continuou ela. “É um retrocesso. Atrasa o tempo em que uma mulher que se manifestou poderia ser publicamente envergonhada e humilhada. Atrasa a ideia de que a violência contra as mulheres deve ser levada a sério”.
“Acredito que os advogados de Johnny conseguiram fazer com que o júri ignorasse a questão-chave da liberdade de expressão e ignorasse evidências tão conclusivas de que vencemos no Reino Unido”, continuou. “Estou triste por ter perdido este caso. Mas estou ainda mais triste por ter perdido um direito que pensava ter como americano – de falar livre e abertamente.”
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História
Johnny Depp e Amber Heard começaram a namorar em 2012, depois de se conhecerem durante as filmagens de “Diário de Um Jornalista Bêbado” alguns anos antes. Eles se casaram em 2015, e permaneceram juntos por pouco mais de dois anos.
Após a separação, a atriz protocolou um pedido de divórcio e um pedido de medida protetiva contra Depp, aparecendo com machucados na bochecha – imagens que rapidamente levantaram discussões sobre violência doméstica. Ela acusou Depp de a atacar “violentamente” e jogar um celular com “força extrema” em seu rosto.
Em 2018, Amber escreveu para o jornal “The Washington Post” um editorial no qual se descrevia como uma “figura pública que representa o abuso doméstico”. Depp não foi citado no artigo, mas ele entrou com um processo afirmando que isso lhe custou papéis lucrativos de atuação.
O julgamento ocorreu no Tribunal Fairfax County, no estado da Virgínia, ao invés da Califórnia, local onde o casal viveu durante o matrimônio. O processo pôde ser protocolado na região pois o “Washington Post” é publicado digitalmente por servidores no estado, além de ser impresso no local.
Desde o início, o julgamento foi transmitido ao vivo pela internet e milhares de pessoas ao redor do mundo assistiram atentamente a Amber descrever que o astro de “Piratas do Caribe” a agredia fisicamente. “Nada que eu fiz o fez parar de me bater”, testemunhou.
Já Depp negou veementemente as agressões e disse que nunca bateu em uma mulher, e que era Amber que era violenta com ele. “Ela precisa de conflito. Ela precisa de violência”, relatou ele.
Gravações divulgadas no tribunal mostravam que os dois viviam um relacionamento com brigas e discussões. “Eu o chamei de coisas horríveis e feias, como você pode ouvir. Nós falamos um com o outro de uma maneira horrível”, admitiu a atriz, em uma de suas falas.
Uma especialista, Laurel Anderson, psicóloga clínica que trabalhou com Depp e Heard em 2015 como conselheira matrimonial, disse em depoimento reproduzido em 14 de abril que o relacionamento do casal tinha o que ela caracterizou como “abuso mútuo”.
Entre as pessoas levadas pelos advogados para testemunhar estão a irmã de Amber que viu Depp agredir Amber, a modelo e ex-namorada do ator Kate Moss, que afirmou nunca ter sofrido agressões de Depp, e o presidente da DC Films, Walter Hamada, que afirmou que Amber não teve seu papel prejudicado no filme “Aquaman” pelo processo, mas sim por falta de química com o protagonista, o ator Jadon Momoa.
Após mais de seis semanas de julgamento, o veredicto foi lido nesta quarta e o júri considerou ambos responsáveis por difamação em seus processos um contra o outro.
Depp, que pedia US$ 50 milhões, receberá US$ 10 milhões em danos compensatórios e US$ 5 milhões em danos punitivos.
Já Amber, que pedia US$ 100 milhões a Depp, dizendo que as declarações de seu advogado, de que suas alegações de abuso eram uma “farsa”, a difamaram e atrapalharam sua carreira, receberá US$ 2 milhões em danos compensatórios e nenhum dinheiro para danos punitivos.
Como os danos punitivos no estado da Virgínia são limitados a US$ 350.000, Depp receberá, portanto, US$ 10 milhões em danos compensatórios e US$ 350 mil em danos punitivos.
Este não é a primeira briga judicial que envolve o casal desde o divórcio, encerrado em 2017. Em 2018, Depp processou a companhia que publica o jornal britânico “The Sun” por difamação, devido a um artigo publicado em abril no qual o tabloide apelidou o ator de “agressor de esposas”. O caso foi julgado em 2020 e Amber Heard depôs a favor do jornal.
Depp perdeu a batalha, pois o juiz Andrew Nicol considerou que as alegações de agressão por parte do ator contra a ex-esposa eram “substancialmente verdadeiras”.
*Com reportagem de Sonia Moghe, Luana Franzão e Reuters.