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Fernando Botero, pintor e escultor colombiano, morre aos 91 anos

Morte do artista foi comunicada pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro: "O pintor das nossas tradições e defeitos"

Léo Lopes, da CNN, em São Paulo
Pintor e escultor colombiano Fernando Botero sentado em seu estúdio em frente a uma pintura que retrata um grupo em um jardim, em Monte Carlo, em março de 2012.
Pintor e escultor colombiano Fernando Botero sentado em seu estúdio em frente a uma pintura que retrata um grupo em um jardim, em Monte Carlo, em março de 2012.  • Massimo Sestini/Mondadori via Getty Images
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O artista colombiano Fernando Botero morreu, nesta sexta-feira (15), aos 91 anos de idade. A morte do pintor e escultor foi comunicada pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro, no Twitter.

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"Morreu Fernando Botero, o pintor das nossas tradições e defeitos, o pintor das nossas virtudes. O pintor da nossa violência e paz. Da pomba rejeitada mil vezes e mil vezes colocada em seu trono", escreveu Petro.

Botero rejeitava o título de "pintor das gordas"

"O estilo distinto de Fernando Botero de formas suaves e infladas, com mudanças inesperadas de escala, é hoje instantaneamente reconhecível. Reflete a busca constante do artista em dar volume, presença e realidade", afirma a biografia do artista em seu site oficial.

"Os parâmetros de proporção em seu mundo são inovadores e quase sempre surpreendentes. Apropriando-se de temas de toda a história da arte - desde a Idade Média, o quattrocento italiano e a arte colonial latino-americana até as tendências modernas do século XX - Botero os transforma em seu estilo particular", complementa.

O artista colombiano Fernando Botero durante apresentação de seu livro "Las mujeres de Botero", em Madrid, em 9 de outubro de 2018. / Oscar Gonzalez/NurPhoto via Getty Images
O artista colombiano Fernando Botero durante apresentação de seu livro "Las mujeres de Botero", em Madrid, em 9 de outubro de 2018. / Oscar Gonzalez/NurPhoto via Getty Images

Botero nasceu em 1932 na cidade de Medellín, na Colômbia. Seu interesse pela pintura começou ainda na juventude. Em 1949, aos 17 anos, o aspirante a artista publicou um artigo ilustrado no periódico "El Colombiano".

O artigo, intitulado "Picasso e a inconformidade da arte", expunha sua visão sobre a arte moderna em uma crítica positiva de um dos maiores pintores da época, Pablo Picasso, a quem Botero admirava.

Sua primeira exposição aconteceu em 1951, quando já morava em Bogotá, na Galeria Leo Matiz. No ano seguinte, foi premiado no "Salón Nacional" de Bogotá e usou o dinheiro que ganhou no prêmio e na exposição para viajar para a Europa, onde foi estudar a obra de seus antigos mestres na Espanha, França e Itália.

Seu estilo – que ficaria conhecido como "boterismo", marcado pelas figuras "inchadas" – surgiu pela primeira vez em uma obra de 1956, durante breve estadia no México.

"Natureza Morta com Bandolim" (1956), uma das primeiras obras de Fernando Botero com seu estilo característico. / Reprodução
"Natureza Morta com Bandolim" (1956), uma das primeiras obras de Fernando Botero com seu estilo característico. / Reprodução

Em entrevista à Folha de S. Paulo, em abril de 2002, Botero rejeitou a fama de "pintor das gordas".

"Os que não entendem nada dizem que Botero é o pintor das gordas. Isso não me incomoda. Mas, se as pessoas olhassem minha obra com atenção, veriam que a deformação volumétrica que faço em uma natureza-morta é a mesma que uso em pessoas ou paisagens. Faço uma exaltação do volume, não da gordura", disse o artista.

De acordo com a biografia oficial no site de Botero, "sua contínua atração pela Colômbia de sua juventude se reflete em pinturas enraizadas na vida colombiana de pequenas cidades – grupos familiares de classe média, chefes de estado, prelados, madonas, militares, prostitutas e naturezas-mortas opulentas com frutas exóticas".

No início da década de 1970, vivendo em Paris, passou a produzir esculturas, sem deixar de pintar. "Seu trabalho na arte tridimensional foi uma progressão natural para um artista singularmente dedicado a expressar volume e massa. Contudo, não é a aparência de volume, mas o próprio volume, um volume tangível, que o meio da escultura oferece", relata a biografia.

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