Processo contra a Netflix por cenas de suicídio em “13 Reasons Why” é arquivado
Ação pedia o controle de conteúdo sensível, mas foi considerada censura à liberdade de expressão
A Netflix viu um processo aberto contra ela ser arquivado por uma juíza federal nessa terça-feira (11), em um caso envolvendo a série teen “13 Reasons Why”. A ação havia sido movida pela família de uma adolescente que cometeu suicídio em 2017, sob a alegação de que o seriado incentivou o ato.
Na sentença, a juíza Yvonne Gonzalez Rogers entendeu que a acusação não se sustentava diante das prerrogativas da liberdade de expressão. “Esse é um caso trágico. Mas não pode ter continuidade como processo”, afirmou em seu parecer.
“13 Reasons Why” estreou na plataforma de streaming em 2017 e logo atraiu atenção (e polêmicas) por sua premissa: a trama acompanha as consequências do suicídio da adolescente Hannah, que deixa a um amigo uma série de fitas cassete explicando os motivos por trás da decisão trágica. A abordagem direta e crua rendeu elogios, por abordar a questão, mas também gerou acusações de apologia, bem como de exploração da saúde mental de jovens.
O processo contra a Netflix foi aberto em agosto de 2021, pela família de Bella Herndon, que se matou pouco após a estreia da série. A ação argumentava que a plataforma divulgou a obra sem os adequados alertas sobre o tema, bem como não possuía qualquer mecanismo de controle da oferta de conteúdo sensível.
Os advogados da empresa argumentaram que o controle de certos assuntos e temas poderia beirar a censura, e que não pratica interferência sobre os temas abordados em suas produções. “Se você processa com o argumento que quer evitar a disseminação do conteúdo de uma série, você vai perder”, concordou a juíza Gonzalez Rogers na sentença emitida agora.
Apesar de tais justificativas, porém, a Netflix já havia tomado medidas sobre a polêmica anteriormente. Em 2019, a plataforma já havia removido a cena do suicídio de Hannah do episódio final da primeira temporada de “13 Reasons Why”.
Além do corte da sequência de três minutos, foram adicionados letreiros e avisos ao início de episódios que continham outros momentos sensíveis. A série, baseada no romance homônimo de Jay Asher, durou quatro temporadas, e foi encerrada em 2020.