"Tremembé": saiba como está Roger Abdelmassih hoje
O ex-médico, condenado por abusar de dezenas de pacientes, vive recluso e sob vigilância

A série “Tremembé”, do Prime Video, reacendeu o interesse do público por nomes ligados a crimes que chocaram o Brasil, entre eles o do ex-médico Roger Abdelmassih, um dos personagens retratados na produção.
Aos 82 anos, ele cumpre pena na Penitenciária II de Tremembé, no interior de São Paulo, pelo estupro de 37 pacientes, crimes cometidos em seu consultório de reprodução assistida entre 1995 e 2008.
Nascido em São João da Boa Vista (SP), filho de imigrantes libaneses, Roger Abdelmassih se formou em medicina pela Unicamp, e se especializou em urologia e reprodução assistida.
Ele se tornou uma das maiores referências do país na fertilização in vitro, chegando a atender celebridades e políticos. A carreira dele ganhou projeção nacional em 1996, após realizar o tratamento que levou ao nascimento dos gêmeos de Pelé e Assíria Seixas Lemos.
Por trás da imagem de sucesso, no entanto, o médico escondia um dos maiores escândalos da história da medicina brasileira. Entre 1995 e 2008, ele abusou sexualmente de dezenas de pacientes, muitas delas sob efeito de sedação. Em 2009, as primeiras denúncias vieram à tona, e as investigações revelaram ao menos 48 estupros contra 37 mulheres.
Prisão e condenação
Em 2010, Abdelmassih foi condenado a 278 anos de prisão, pena posteriormente reduzida para 181 anos. Antes de ser preso, ele fugiu do país e ficou foragido por três anos, sendo encontrado apenas em 2014, no Paraguai, onde vivia com a esposa e os filhos.
A captura foi resultado de uma operação conjunta da Polícia Federal e da Interpol. Desde então, o ex-médico passou por diversas transferências entre Tremembé e unidades hospitalares prisionais.
Atualmente, Roger Abdelmassih permanece preso em Tremembé, onde ocupa uma cela individual no setor médico. Ele apresenta problemas cardíacos e respiratórios, como miocardiopatia dilatada e hipertensão pulmonar, mas a Justiça tem negado todos os pedidos de prisão domiciliar.
Em julho de 2024, um novo laudo médico foi apresentado pela defesa, mas a juíza responsável pelo caso considerou que o presídio possui estrutura adequada para atender suas necessidades.
Prisão domiciliar e idas e vindas
Desde a primeira prisão, em 2009, Abdelmassih acumulou uma série de idas e vindas entre Tremembé e o Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário. Chegou a cumprir prisão domiciliar em 2020 e 2021, mas teve o benefício revogado diversas vezes após suspeitas de irregularidades e relatórios médicos inconclusivos. A Justiça reforçou que ele só poderia pleitear liberdade condicional em 2047, quando teria 104 anos.
Fontes ligadas ao Ministério Público relatam que Abdelmassih leva uma rotina isolada e silenciosa, recebendo poucas visitas e mantendo comportamento reservado. Ele não tem contato direto com outros detentos e passa grande parte do tempo sob acompanhamento médico.



