Quando alguém negro se destaca em lugares brancos há “pânico racial”, diz professor
À CNN Rádio, Adilson Moreira explicou que fala de Nelson Piquet sobre Lewis Hamilton buscou desqualificar moralmente o piloto
“Todas as vezes que uma pessoa negra se destaca dentro de lugares tidos como brancos, temos uma reação negativa, de pânico racial”, afirmou o professor de direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Adilson Moreira.
Em entrevista à CNN Rádio, no CNN no Plural, ele explicou que falas como a do ex-piloto Nelson Piquet sobre o heptacampeão de Fórmula 1, Lewis Hamilton, que o chamou de “neguinho”, são reflexo do racismo.
O automobilismo é um esporte de elite, praticado por pessoas brancas de classe alta, ou seja, “significa que é um tipo de atividade ligada a um status social e racial.”
Quando um atleta como Hamilton consegue sucesso neste ambiente, “provoca uma reação negativa, de pânico racial”, segundo o especialista.
Foi o que viveram o golfista Tiger Woods, a ginasta Simone Biles, as irmãs Serena e Venus Williams, no tênis, entre tantos outros.
“É o que acontece comigo, eu sou um homem negro, de origem periférica, e sou doutor por Harvard, 98% das faculdades de direitos têm pessoas brancas de classe média alta. Em alguns eventos acadêmicos já aconteceu de pessoas se referirem a mim como ‘o negão de Harvard'”, contou.”
De acordo com Adilson Moreira, “pessoas brancas racistas não conseguem lidar com o fato de que uma pessoa negra desempenha qualquer tipo de atividade com o mesmo ou maior nível de competência, a reação imediata é desqualificar essa pessoa negra.”
O professor define o racismo como “um sistema de dominação social com dois propósitos”: “garantir vantagens competitivas para pessoas brancas e garantir que a respeitabilidade social seja um patrimônio exclusivo de pessoas brancas”.