CNN Esportes

Estudo revela que futebol brasileiro fatura apenas 19% da Premier League

Liga nacional enfrenta desafios estruturais para se aproximar do modelo inglês

Ana Karolina Reis, da CNN
Flamengo e Chelsea se enfrentam no Mundial
Flamengo e Chelsea durante confronto pela segunda rodada do Mundial de Clubes  • Divulgação/Chelsea
Compartilhar matéria

O relatório "Convocados 2025", produzido pela Convocados Gestora de Ativos de Futebol em parceria com a OutField Inc., com patrocínio da Galapagos Capital, traçou um paralelo entre a Série A do Campeonato Brasileiro e a Premier League.

O futebol brasileiro deseja alcançar o patamar da liga inglesa, mas essa realidade ainda está distante — e os passos para encurtar essa diferença seguem lentos.

Ao CNN Esportes S/A deste domingo (22), Pedro Oliveira, cofundador da OutField, falou sobre o abismo estrutural entre as duas ligas.

"A gente fez essa comparação pela primeira vez, olhando tudo que temos falado aqui sobre o crescimento do mercado do futebol brasileiro: mais dinheiro sendo movimentado. Mas a gente sempre se coloca em pé de igualdade com a principal liga do mundo para entender qual é a nossa distância em relação a eles. Hoje a gente fatura 19% do que a Premier League fatura. Claro que tem o efeito cambial, algumas questões no meio do caminho... Mas o fato é: se a gente se colocar em termos temporais, a Premier League surgiu em 1992. Estamos 33 anos atrasados em comparação com eles", analisou Pedro.

A liga nacional também têm 17% dos custos e 37% das dívidas da liga inglesa.

Inspiração de outras ligas

Apesar do cenário desafiador, há motivos para otimismo. Pedro Oliveira acredita que o Brasil tem a chance de aprender com os erros e acertos de outras ligas.

"A gente consegue olhar para esse período de construção da maior liga de futebol do mundo e aplicar esses conhecimentos aqui. Então, quando olhamos para a Premier League, para LaLiga, para o esporte americano, nossa intenção é trazer os aprendizados de lá para cá, para construir uma liga de futebol robusta, como imaginamos que o Brasil possa ter", disse.

A formação de uma liga nacional forte e organizada é apontada como um passo essencial para transformar o futebol brasileiro. Isso passa, segundo ele, por questões que vão desde a organização do calendário até a regulamentação financeira mais rígida.

"Somos um dos poucos países que nem sempre respeita as datas Fifa. O calendário é muito diluído. Temos os estaduais, que são difíceis, mas precisam ser gerenciados. E ainda discutimos pouco sobre o produto em si. O efeito de uma liga centralizada pode justamente ser esse: aprofundar essas discussões".

"No Brasil, também é comum gastar mais do que se arrecada — algo que acontece raramente no esporte global. Nos Estados Unidos, por exemplo, existe teto de gastos, que todos devem cumprir. Na França também temos esse exemplo, como mostramos no relatório. O ambiente regulatório é super rígido. Clubes que gastam mais do que arrecadam são punidos — muitas vezes com rebaixamento. Então, a gente precisa avançar em pautas que regulem e disciplinem mais o mercado também", acrescentou.

Maior exportador de atletas

Outro ponto abordado pelo estudo são as transferências que consolidam o Brasil como um dos mercados mais estratégicos para a formação e comercialização de atletas no cenário global.

"Não à toa, o Brasil é o maior mercado exportador de atletas no mundo. Representamos aproximadamente 15% de todos os jogadores movimentados globalmente, porque, muitas vezes, o clube brasileiro precisa vender rápido, vender cedo, para compor seu orçamento, sua parte financeira. Muito do que enxergamos agora é uma tentativa de inverter essa lógica. A partir de uma boa gestão dos clubes, conseguimos reter o talento aqui por mais tempo. O jogo melhora, o produto melhora, e a roda começa a girar mais rápido. Ainda estamos longe, mas temos um horizonte positivo para encurtar essa distância. E, de novo, tudo passa pela formação da liga", finalizou.

CNN Esportes S/A

Com Joel La Banca e Pedro Oliveira, o CNN Esportes S/A chega à 100ª edição. Apresentado por João Vitor Xavier, o programa aborda os bastidores de um mercado que movimenta bilhões e é um dos mais lucrativos do mundo: o esporte.

Em pauta, os assuntos mais quentes da indústria do mundo da bola, na perspectiva de economia e negócios.

Acompanhe Esportes nas Redes Sociais