
Torcedor fanático do Flamengo, Arlindo Cruz embalou geração Zico; relembre
Cantor viveu jogo inesquecível em 1980 e tocou samba sobre a partida
O cantor e compositor Arlindo Cruz, que faleceu nesta sexta-feira (8), vítima de sequelas de um acidente vascular cerebral (AVC), era torcedor fanático do Flamengo. Tanto que o seu jogo inesquecível no futebol é do Rubro-Negro e até virou samba.
Ainda que o seu pai tenha sido vascaíno, Arlindo escolheu o Flamengo, uma paixão de uma vida. Logo em 1965, ano que ganhou seu primeiro cavaquinho, acompanhou uma vitória rubro-negra sobre o Fluminense, no Maracanã. A partir daí, não largou mais.
"Eu era apaixonado, chorava quando o time perdia. Aquele jogo dos 6 a 0 do Botafogo, em 1972, não foi fácil. Tinha um cara que namorava a minha irmã. Era botafoguense, o Sidnei. Foi ele que me levou. E me encarnou pra caramba. Teve gol de letra do Jairzinho, o Fischer, um argentino atacante, também marcou... Eles tiraram a maior marra com a gente. Em compensação, depois assisti aos dois seis que demos neles, por 6 a 0 e 6 a 1", disse, ao ge.
15 anos depois, embalou outro triunfo marcante do Flamengo, na campanha que terminaria no primeiro título brasileiro do clube. Arlindo assistiu Zico dar show contra o Coritiba e garantir o Rubro-Negro na decisão da liga nacional daquele ano.
O clube carioca já tinha vencido a ida, mas foi surpreendido nos primeiros minutos no Maracanã, na volta, e viu o Coxa abrir 2 a 0. Nunes empatou no segundo tempo com dois gols, e Carlos Alberto, herói daquela partida, virou com um golaço.
Foi daí que saiu a reedição do samba rubro-negro, feito de torcedor para torcedor.
"Naquele ano eu era estudante. Já tinha saído da Aeronáutica e ia ao Cacique. Estava começando a virar compositor. Lembro que fui assistir a esse jogo com o Coritiba e os caras meteram 2 a 0 no começo. Aí se machucou o Zico, depois o Júlio César, Uri Geller... Se eles fizessem mais um gol, adeus. Só que o maluco do Nunes meteu logo dois gols. Pouco depois, veio aquele golaço do Carlos Alberto. E eu estava de frente", analisou, antes de concluir:
"Não tinha torcida do Coritiba no Maracanã, a do Flamengo estava cheia. Por isso fui lá para o outro lado, detrás do gol, vendo o time atacar no primeiro tempo. Vi o cara saindo lá de baixo, em velocidade, driblando todo mundo. É um gol inesquecível. A arrancada dele foi sensacional", finalizou.
Um dos maiores nomes do samba e da música popular brasileira, Arlindo Cruz será velado no Rio de Janeiro, onde viveu a maior parte de sua vida.


