
Barcelona nos EUA: por que Fifa e Uefa permitem jogos em outros continente
Após luta entre entidades, jogos de grandes ligas europeias serão disputados fora dos países de origem pela primeira vez na história

Duas partidas vão entrar para a história do futebol: pela primeira vez, jogos de temporada regular de grandes ligas europeias serão disputados fora de seus países de origem e, além disso, em outros continentes.
Villarreal e Barcelona se enfrentam em 20 de dezembro, em Miami, e Milan e Como em fevereiro de 2026, em Perth, na Austrália.
A novidade marca o desfecho de uma longa batalha política e jurídica envolvendo clubes, ligas e entidades do futebol.
A proposta foi duramente criticada por federações nacionais e até mesmo pela própria Fifa, que por muito tempo se posicionou contra o mando no exterior.
Qual era o impedimento?
Outras ligas, como a NFL, já realizam jogos de temporada regular fora dos Estados Unidos, mas a diferença é que, nesses casos, como quando a NFL joga em São Paulo, Dublin ou Londres, ela não está “invadindo” o território de uma liga concorrente direta.
As competições locais de futebol americano estão em um nível muito inferior ao da liga norte-americana.
Já no caso do futebol, por mais que a MLS, dos Estados Unidos, e a A-League, da Austrália, não tenham o mesmo prestígio que as ligas europeias, elas ainda são campeonatos profissionais consolidados.
E, ao contrário do que acontece com o futebol americano, o futebol funciona em uma pirâmide supervisionada pela Fifa.
Ou seja, a decisão de realizar jogos oficiais no exterior exige o aval de várias entidades, nacionais, continentais e da própria Fifa.
No caso da Europa, nesse momento, a Uefa era quem apresentava maior resistência à ideia de tirar jogos do continente.
Uefa acabou aceitando, mas com poréns
O aval da Uefa aos jogos em outros continentes veio em uma decisão anunciada na segunda-feira (6), mas em "caráter excepcional".
Em um comunicado à imprensa com o título “Uefa confirma oposição à realização de partidas de ligas nacionais no exterior”, o presidente da entidade, Aleksander Čeferin, reforçou a posição anterior.
“Jogos de ligas nacionais devem acontecer em seus próprios países. Qualquer outra coisa prejudica os torcedores que acompanham seus clubes de perto e pode comprometer a integridade das competições.”
Mas, segundo a própria entidade, a decisão de permitir duas partidas fora da Europa se deu porque o atual "marco regulatório" — que deveria ter sido definido pela Fifa — ainda não é “claro nem detalhado o suficiente”.
Ou seja, faltam regras objetivas sobre o assunto, segundo a ESPN americana, o que deixou a entidade exposta a possíveis ações judiciais ao negar jogos que foram negociados apesar dela.
Por isso mesmo, a Uefa se viu obrigada a aprovar a proposta, que era estimulada pelo presidente da LaLiga, Javier Tebas, e pelo Barcelona, mesmo com parte dos jogadores do time discordando.
Ainda segundo a ESPN, parceiros comerciais importantes da Uefa, que colocam dinheiro em produtos como a Champions League, estão a favor ou, ao menos, não são contra os jogos, o que fortaleceu a pressão à favor da ideia.


