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    Técnico do Marrocos não liga para prêmios e celebra africanos no comando: “Provamos que a África é capaz”

    Walid Regragui levou os marroquinos à semifinal do Mundial e mira título da Copa Africana

    Daniel Renjifoda CNN

    Mais de um ano depois da campanha histórica na Copa do Mundo de 2022, no Catar, todos os olhos ainda estão voltados para a seleção de Marrocos e seu técnico Walid Regragui. E para aumentar ainda mais a expectativa sobre eles, a equipe entra como uma das favoritas para vencer a Copa Africana de Nações, que começa neste sábado (13).

    O treinador, de 48 anos, jogou pela seleção nacional de 2001 a 2009, incluindo a última vez que o Marrocos chegou às semifinais da competição em 2004. Agora, ele espera que, como técnico, possa conquistar o primeiro título continental para o país em 48 anos.

    Regragui foi nomeado técnico apenas três meses antes da Copa do Mundo e levou Marrocos a um histórico quarto lugar — tornando-se um herói nacional.

    Em entrevista exclusiva à CNN às vésperas da Copa Africana de Nações, ele recorda a campanha no Mundial e celebra a valorização dos treinadores africanos.

    Do que você gostou mais: jogar ou treinar?
    Jogar, claro. Isso é o que continuo dizendo aos meus jogadores. Para mim, o melhor trabalho do mundo é ser um jovem jogador de futebol profissional, ainda mais se você representar o seu país. Infelizmente, só percebemos isso no fim da carreira. E treinar? Bem, isso é outro trabalho.

    O que fez você decidir voltar para a seleção marroquina?
    Eu não decidi, aconteceu. Eu tinha acabado de ganhar a Liga dos Campeões da África com o Wydad AC, então meu objetivo era estar no Mundial de Clubes, talvez um dia treinar na Europa, então foi uma evolução na minha carreira. A seleção nacional viria talvez muito mais tarde. Depois veio a decisão da federação de trocar de treinador. Acho que hoje todo mundo achou que era um desafio fácil, mas não foi. Só um técnico maluco como eu aceitaria esse cargo três meses antes da Copa do Mundo. Nenhum treinador europeu teria assumido a seleção nacional e não creio que exista um treinador local que se atrevesse a aceitar o desafio.

    Voltemos à Copa do Mundo. Você achou que a equipe iria tão longe?
    Seria um pouco exagerado dizer que pensávamos em chegar à semifinal ou até mesmo vencer a Copa do Mundo. No fim das Eliminatórias, sonhávamos em pelo menos igualar o que os nossos jogadores fizeram em 1986, ou seja, trazer Marrocos de volta às oitavas de final. Mas por que não sonhar em fazer uma grande exibição? Isso realmente entrou na cabeça dos jogadores assim que eu assumi. Partimos com ambição. E é verdade que depois de passarmos a fase de grupos, dissemos a nós mesmos que éramos capazes de fazer melhor. E por que não ir e ganhar a Copa do Mundo?

    E na Copa do Mundo do Catar, muitos jogadores africanos foram treinados pela primeira vez por treinadores locais. Você acha que isso fala da qualidade do trabalho de técnicos que sai do continente africano?
    Essa é uma pergunta muito boa e há diferentes formas de responder: existe uma geração de treinadores africanos que atingiu um nível muito bom e que finalmente teve a sua oportunidade? Ou será que os líderes africanos perceberam que sempre existiram técnicos de qualidade no seu país, que poderiam assumir a seleção nacional e ter tanto sucesso quanto os treinadores europeus ou sul-americanos? Acho que a qualidade dos treinadores sempre esteve presente. Hoje na África passamos da fase de dizer que precisamos de trazer um estrangeiro para ter sucesso. Mostramos que podemos levar as nossas equipes a um nível muito elevado, seja eu, Aliou Cissé [de Senegal] ou outros treinadores. Acredito que haverá um “antes e depois” desta Copa do Mundo no Catar.

    Falemos sobre o jogo das quartas de final contra Portugal. O que você lembra e o que essa vitória significou para você e para Marrocos?
    O nosso objetivo como equipe era descobrir por que não conseguíamos ultrapassar este teto de vidro, esta barreira que impede os países africanos de chegarem às semifinais. Talvez tenha sido mental. Tínhamos nos preparado bem, mas sabíamos da força de Portugal, uma das melhores seleções do mundo, com Cristiano Ronaldo, mas estávamos preparados. Penso que os jogadores provaram isso em campo, provaram que Marrocos e que a África eram capazes. E isso aumentou a confiança deles para aproveitar a oportunidade.

    Marrocos não vence a Copa Africana de Nações desde 1976. Como você acha que se sairá na competição?
    Temos objetivos importantes. No nosso centro de treinamentos, há uma foto da seleção nacional que foi a última vencedora da Copa Africana em 1976. Todos os dias, quando os jogadores vêm aqui, olham para a fotografia e se inspiram. Meu objetivo como treinador não é remover esta foto, mas sim colocar aqui uma nova foto dos próximos campeões.

    Você foi eleito o “Treinador do Ano” nos prêmios da Confederação Africana de Futebol em dezembro. O que isso significa para você?
    Não são coisas que me interessam muito. O que mais me interessa é a minha equipe. Hoje, muitos troféus individuais são concedidos, seja pela CAF, Bola de Ouro ou Fifa. É bom ver africanos como eu nesses prêmios, mas porque isso melhora o futebol do continente e, acima de tudo, melhora o panorama do futebol marroquino.

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