
"Não tem desonestidade na arbitragem brasileira", afirma Sálvio Spínola
Ex-árbitro falou sobre gestão, monitoramento e compliance durante entrevista ao CNN Esportes S/A
Sálvio Spínola, ex-árbitro e comentarista de arbitragem, participou do CNN Esportes S/A deste domingo (2) e analisou a arbitragem no futebol brasileiro.
Para ele, os problemas não envolvem desonestidade, mas sim falhas de gestão e estrutura.
Segundo Spínola, o caso da máfia do apito de 2005 foi exceção.
Não tem desonestidade na arbitragem brasileira. Não tem desonestidade. A arbitragem é ruim. É lógico que você pode ter laranja podre. Em 2005, nós tivemos duas laranjas podres.
O ex-árbitro se referiu ao caso de Edilson Pereira de Carvalho e Paulo José Danelon: "Então, ali eram pessoas desonestas."
Spínola tem consciência da fama dos árbitros brasileiros, mas reitera que são muitos para generalizar.
"Para a CBF são aproximadamente 500 árbitros. Até pouco tempo atrás eu estava lá no campo apitando e talvez você, o seu público e o torcedor poderia pensar isso de mim. (...) Digo coletivamente, eu não posso falar individualmente que eu não conheço, mas eu volto a falar: isso é gestão", afirmou.
O comentarista explicou que, na própria experiência, não presenciou desonestidade entre os árbitros.
Eu na arbitragem nunca tive consulta de ninguém, nunca fui procurado por ninguém. Hoje eu estaria à vontade para falar, sou ex-árbitro. E todas as pessoas que eu convivi, todas, a maioria que eu convivi do mundo da arbitragem, pessoas guerreiras querendo um lugar ao sol, querendo trabalhar, querendo buscar um espaço, pessoas do bem, pessoas corretas.
Problema está na gestão
Sálvio criticou a gestão remota da arbitragem, que segundo ele, compromete a percepção sobre problemas e comportamentos inadequados.
"Você é um gestor, você não pode gerir os seus colaboradores, a sua equipe de coordenação, por WhatsApp nem por telefone. Como que você conhece os seus gestores no mundo corporativo?", refletiu.
Para Spínola, controlar árbitros à distância não garante transparência ou qualidade.
O problema da arbitragem brasileira de 2005 e hoje, quem é o gestor dos árbitros, quer controlar por Zoom, que é um aplicativo de reuniões, quer controlar por WhatsApp ou quer controlar por telefone. Tem que conhecer o ser humano, principalmente árbitro de futebol.
Prevenção de assédios
Em relação à prevenção de fraudes, Spínola apontou a necessidade de monitoramento rigoroso e compliance para proteger a arbitragem.
"Rigor. Só tem uma forma, rigor e monitoramento. Não tem como. Você é árbitro de futebol, você vai ter que assinar aqui uma declaração que você concorda que você tá sendo monitorado", afirmou.
Para ele, a relação deve seguir as métricas usadas em empresas e cientificar os profissionais.
A norma de compliance, você vai ter que exigir de você todos os árbitros. O que que você pode, o que que você não pode e o que que seus próximos também podem. Como existe hoje em qualquer empresa (...). Vou contratar entidades sérias que vão monitorar os árbitros. Quem está fazendo, quem está procurando e como vai ser. E você vai saber que você está sendo monitorado.
CNN Esportes S/A
Com Sálvio Spínola, ex-árbitro e comentarista de arbitragem, o CNN Esportes S/A chega à 115ª edição. Apresentado por João Vitor Xavier, o programa aborda os bastidores de um mercado que movimenta bilhões e é um dos mais lucrativos do mundo: o esporte.
Em pauta, os assuntos mais quentes da indústria do mundo da bola, na perspectiva de economia e negócios.

