
Rivais na Libertadores, River e Palmeiras exibem estádios multifuncionais
Monumental de Núñez e Allianz Parque apostam em gastronomia, hospitalidade e eventos para transformar arenas em polos de lazer

O Monumental de Núñez, em Buenos Aires, e o Allianz Parque, em São Paulo, simbolizam um movimento que vem transformando os grandes estádios sul-americanos: a aposta em experiências que ultrapassam os 90 minutos de bola rolando.
Restaurantes sofisticados, espaços corporativos e até áreas de convivência que funcionam diariamente colocam as arenas no mapa do entretenimento e do turismo, além de reforçarem a receita dos clubes.
No River Plate, a modernização recente ampliou a capacidade para 85 mil torcedores e abriu espaço para iniciativas inéditas.
Uma delas é o restaurante Banda, inaugurado em 2023, que mistura alta gastronomia com vista para o campo. O cardápio vai de carnes a sushi, e em dias de jogo, o local se transforma em espaço de hospitalidade, acessível apenas a quem adquire pacotes premium.
Outro destaque é o Paddock VIP, localizado atrás dos bancos de reservas, que oferece buffet sofisticado, bebidas variadas e áreas de descanso. O acesso ao serviço, restrito a sócios que pagam cerca de R$ 20 mil anuais, garante presença em jogos do Argentino e da Libertadores.
Em São Paulo, o Allianz Parque segue lógica semelhante. O estádio se consolidou como polo gastronômico com três restaurantes abertos diariamente: La Coppa (italiano), Nagairô (japonês) e Braza (carnes).
O modelo atrai não apenas torcedores, mas também público que frequenta a arena em dias comuns. A oferta se soma ao Fanzone, espaço com open bar e open food que funciona antes e depois das partidas, e ao Parque Mirante, no último andar, usado para shows, casamentos e eventos corporativos de grande porte.
Para Leo Rizzo, CEO da Soccer Hospitality, que administra o Fanzone, a ideia é dar vida permanente ao estádio.
“Hoje, estádios e arenas precisam ir além do futebol. Espaços como camarotes e restaurantes têm potencial para se tornarem pontos turísticos. Funcionando o ano inteiro com shows, eventos, jogos e até experiências gastronômicas, a ideia é transformar o torcedor ocasional em um frequentador constante e atrair novos públicos.”
Especialistas de marketing esportivo veem na hospitalidade um pilar de negócios. Bruno Brum, CMO da End to End, explica que os serviços premium reforçam a centralidade da experiência.
“Quando se investe em hospitalidade, não se trata apenas de conforto e sofisticação. É criar um ecossistema no qual clube, patrocinadores e torcida se relacionam continuamente. Esses ambientes premium tornam o estádio um espaço que gera receita fora do dia do jogo e fortalece a conexão emocional com a marca.”
A estratégia também se conecta ao turismo esportivo, que cresce no continente. Para Joaquim Lo Prete, Country Manager da Absolut Sport no Brasil, arenas como Monumental e Allianz Parque já se consolidaram como atrações mesmo sem bola rolando.
“Os estádios estão se reinventando para ir muito além de aparelhos esportivos. Não é só o torcedor local que busca essa vivência: turistas que visitam a cidade encontram nesses espaços uma experiência única.”
Referências neste novo conceito de estádio, River e Palmeiras duelam nas quartas de final da Libertadores. O primeiro jogo acontece nesta quarta-feira (17), às 21h30, em Buenos Aires; a volta será no dia 24, no Allianz Parque, no mesmo horário.


