
Troca de farpas entre Ceni e Abel reacende polêmica sobre gramado sintético
Treinadores divergiram sobre condições do campo na Fonte Nova após partida pelo Brasileirão

O jogo entre Bahia e Palmeiras, neste domingo (28), na Arena Fonte Nova, reacendeu a discussão sobre gramado natural e sintético.
A partida terminou com críticas às condições do campo e troca de declarações entre os técnicos Abel Ferreira e Rogério Ceni.
Abel reclamou das condições do gramado e citou as lesões de Lucas Evangelista e Piquerez. O árbitro Anderson Daronco também relatou o problema na súmula.
“Não estamos preparados para jogar em um campo assim. Isso deveria ser inadmissível. As lesões surgem porque o pé fica preso. Conseguem ver que o gramado é pintado. Não consigo entender”, disse Abel em coletiva.
Rogério Ceni rebateu as críticas e mencionou a rotina do Palmeiras no Allianz Parque.
“Para quem joga em gramado sintético, reclamar de lesão em gramado natural fica feio. Também gostaríamos que o gramado estivesse melhor, mas atrapalhou mais a nós do que a eles”, afirmou.
Em 2024, após derrota para o Cuiabá, o próprio Ceni havia defendido a instalação de sintético na Fonte Nova. À época, disse que o campo não tinha condições e que a solução seria adotar grama artificial.
Atualmente, Palmeiras, Botafogo e Atlético-MG jogam em sintético na Série A, além do Athletico-PR na Série B. O Pacaembu também passará a ter gramado 100% artificial.
Opiniões contrastantes
Neste ano, jogadores como Neymar, Lucas Moura, Philippe Coutinho e Thiago Silva assinaram manifesto contra gramados sintéticos. O documento citava o acúmulo de calor, que pode chegar a 70 graus.
Palmeiras e Botafogo defenderam seus campos, certificados pela FIFA. Para os clubes, o problema está na baixa qualidade de alguns gramados naturais, que exigiriam maior investimento.
Para Sergio Schildt, presidente da Recoma, o sintético é uma solução viável. Segundo ele, o custo de instalação varia entre R$ 7 e 9 milhões, mas a manutenção é mais barata do que na grama natural.
“Temos questões climáticas e calendário cheio. O sintético de alto padrão possui estrutura similar ao natural”, afirmou Schildt, que já participou de projetos no Real Madrid e no centro de treinamento do Flamengo.
A médica Flávia Magalhães avalia que o risco de lesões não é maior entre atletas profissionais. Segundo ela, a diferença biomecânica gera maior torque e tensão, mas não há comprovação de mais contusões nesse nível.
“O que percebemos são atletas com dores prévias de tendinites queixarem-se mais após jogos em sintético. Outro ponto é a alta temperatura em dias quentes”, disse a especialista.