
Conheça Debinha, a sucessora de Marta e goleadora da Era Pia na Seleção
Atleta de 31 anos é a terceira maior artilheira da história do time brasileiro


Nem só de Marta vive a Seleção Brasileira Feminina de Futebol. Debinha chega para a Copa do Mundo na Austrália e Nova Zelândia como líder técnica da equipe e artilheira da “Era Pia Sundhage”.
A camisa 9 do Brasil foi a única jogadora do país listada na última eleição da FIFA das melhores do mundo, ficando em sexto lugar no ranking.
A liderança e responsabilidade que nas últimas seis edições do Mundial estiveram nos pés de Marta, hoje, é de Debinha, terceira maior artilheira da história do Brasil e considerada, por muitos, a sucessora da Rainha na Seleção.
Paixão pelo futebol
Débora Cristiane de Oliveira nasceu em Brazópolis, cidade a 450km de Belo Horizonte. A paixão pelo esporte começou cedo, entre 5 e 6 anos de idade, e foi influenciada pelo pai e tios da atleta. Debinha era companhia frequente e sempre estava com os familiares em partidas amadoras pelo interior de Minas Gerais.
Acordar nas madrugadas com as irmãs Katia e Rubiana para assistir jogos da Seleção Brasileira masculina na Copa do Mundo de 2002, além do clima nas ruas da cidade, também incentivaram a pequena Debinha a construir o sonho em viver do futebol.
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Debinha na Copa do Mundo Sub-20 em 2010 • Foto: FIFA via Getty Images
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Debinha atuando pelo Avaldsnes, da Noruega • Foto: Ida Kristin Vollum/ Avaldsnes Viking Queens
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Debinha fez história pelo North Carolina Courage • Foto: Andy Mead/ISI Photos/Getty Images)
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Debinha conquistou dois títulos da NWSL • Foto: Brad Smith/ISI Photos/Getty Images
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Debinha é a terceira maior artilheira na história da Seleção • Foto: Erin Chang/ISI Photos/Getty Images
Os primeiros chutes
O começo de Debinha não foi fácil e a menina que só queria se divertir teve que se impor desde cedo. Como jogava com os meninos nas ruas, praças e quadras de Brazópolis, a atleta sofreu com o bullying dos garotos pela forma que se destacava, e das meninas, pelas roupas esportivas que usava.
A mãe da jogadora, preocupada com a situação, impedia Debinha de ir sozinha jogar futebol. As irmãs e o pai tinham sempre que contornar a situação para ela continuar se destacando nas partidas da cidade.
Quando comecei a jogar com os meninos, minha mãe não gostava muito. Eu só ia jogar futebol se minhas irmãs fossem junto. Mas hoje ela é minha maior fã
Debinha, em entrevista à CBF TV
O desafio de sair de casa
Aos 15 anos, Debinha recebeu a proposta para fazer um teste no Saad São Caetano. A autorização para sair de casa no dia seguinte dependia de uma assinatura da mãe. E a situação não foi nada fácil. Afinal, Debinha é a filha caçula da família.
Fui no trabalho da minha mãe pedir para me deixar ir. Ela começou a chorar porque não sabia o que estava por vir, se eu conseguiria realizar meu sonho. Ver minha mãe chorando, e sair de casa, foi o maior desafio da minha carreira.
Debinha, em entrevista à CBF TV
Uma década atuando no exterior
Após um ano no Saad, Debinha se destacou e foi atuar no futebol da Coreia do Sul. Mas a saudade de casa fez a jogadora voltar ao Brasil.
Em 2013, quando atuava no Centro Olímpico, a atacante recebeu uma proposta para jogar na Noruega, pelo Avaldsnes. Foram três temporadas no futebol norueguês, onde Debinha se adaptou rapidamente e foi artilheira do time na temporada 2014, com 20 gols.
A atacante teve uma passagem de um ano na China e, desde 2017, atua na liga de futebol dos Estados Unidos, uma das mais poderosas do mundo.

Pelo North Carolina Courage, Debinha permaneceu por seis temporadas, empilhando títulos e premiações. A atacante foi duas vezes campeã da liga nacional de futebol feminino (NWSL), eleita a melhor jogadora da Challenge Cup, em 2021, e ainda faturou o mesmo campeonato em 2022.
Debinha disputou 156 partidas e marcou 51 gols com a camisa do time da Carolina do Norte, se tornando uma das principais estrelas do campeonato que é referência no futebol feminino.
Em 2023, a jogadora assinou um contrato de dois anos com o Kansas City, completando uma década atuando no futebol internacional.
Carreira vitoriosa na Seleção
A caminhada de Debinha com a amarelinha começou na disputa da Copa do Mundo Sub-20, em 2010. Na competição realizada na Alemanha, o Brasil caiu ainda na primeira fase, mas a jogadora mostrou que ali seria o começo de uma grande caminhada com a camisa da Seleção, e marcou dois gols.
A primeira convocação e estreia na equipe principal aconteceu em 2011, com apenas 19 anos, nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, no México.
De lá para cá, foram 135 partidas com a camisa do Brasil e 58 gols. É a terceira maior artilheira da história da Seleção Brasileira Feminina, atrás apenas de Cristiane, com 96 gols, e da Rainha Marta, que anotou 115 gols.
Debinha conquistou dois títulos da Copa América, representou o país nas Olimpíadas do Rio em 2016 e de Tóquio em 2020. Será a segunda participação da jogadora em Copas do Mundo.
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A maranhense Camila tem 22 anos e vai jogar uma Copa do Mundo pela primeira vez. A goleira defende o Santos e a primeira convocação na carreira foi em abril deste ano. Começou a carreira no Sampaio Corrêa e teve passagens por Viana-MA, Chapecoense, Internacional, Iranduba-AM. • Chris Hyde / Getty Images
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Letícia Izidoro deixou a casa dos pais para ser jogadora de futebol. Queria ser atacante, mas se tornou uma das melhores goleiras do Brasil. Começou na Seleção Brasileira Sub-17, vai para a terceira Copa do Mundo como profissional e pela primeira vez como titular. Aos 28 anos, defende o Corinthians. • Chris Hyde / Getty Images
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A pernambucana Bárbara tem 35 anos e defende o Flamengo. É a goleira com mais Copas do Mundo pela Seleção Feminina: já disputou o Mundial quatro vezes na carreira. • Chris Hyde / Getty Images
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Lateral-direita, Antonia é o combustível do grupo. Nasceu no Rio Grande do Norte, tem 29 anos e vai disputar uma Copa do Mundo pela primeira vez. A jogadora já defendeu a Ponte-Preta, Audax, Madrid CFF e atualmente está no Levante (ESP) • Chris Hyde / Getty Images
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Bruninha: Aos 21 anos, a lateral-direita Bruninha disputará a primeira Copa do Mundo Feminina após uma trajetória de conquistas na base. Ela é do Paraná e já jogou pela Chapecoense, pelo Santos, Internacional e atualmente defende o NJ/NY Gotham FC (EUA). • Chris Hyde / Getty Images
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Aos 27 anos, Kathellen vai disputar a segunda Copa do Mundo da carreira. A zagueira é de São Paulo, começou a carreira no Monroe Mustangs (EUA), já defendeu a Inter de Milão e atualmente defende o Real Madrid. • Chris Hyde / Getty Images
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Aos 20 anos, Lauren vai disputar a primeira Copa do Mundo da carreira. A zagueira é cria da base do São Paulo e hoje está no Madrid CFF. A jogadora é de São Paulo e é a jogadora mais jovem convocada pela técnica Pia Sundhage • Chris Hyde / Getty Images
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Aos 36 anos, Mônica vai para a terceira Copa do Mundo da carreira. A zagueira tem 36 anos, é de Porto Alegre, já passou pelo Internacional, Ferroviária, Flamengo, Orlando Pride, Atlético de Madrid e hoje está no Corinthians. Foi a primeira brasileira a atuar pelo Orlando Pride. • Chris Hyde / Getty Images
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Aos 32 anos, Rafaelle Souza vai disputar a segunda Copa do Mundo da carreira. A zagueira é de Cipó (Bahia) e chegou a ser convocada para o Mundial de 2019, na França, mas não jogou por conta de uma lesão. Já defendeu o Arsenal e atualmente está no Orlando Pride (EUA). • Chris Hyde / Getty Images
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Nascida em Maragogi, Alagoas, e com 25 anos, Geyse defende o Barcelona. Com a equipe, foi campeã da Liga dos Campeões neste ano e ela quer mais, e é a Copa do Mundo Feminina. • Chris Hyde / Getty Images
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Na última convocação antes da lista final para a Copa do Mundo, Andressa Alves reconquistou seu lugar na equipe após um gol nos acréscimos na Finalíssima. Agora, a número 7 do Brasil vai defender o país pela terceira vez em uma Copa do Mundo. A meia-atacante é de São Paulo, tem 30 anos e é jogadora da Roma desde 2019. • Chris Hyde / Getty Images
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Ary Borges: Aos 10 anos, deixou a capital São Luís (MA), onde nasceu e cresceu sob os cuidados da avó, para ir morar com os pais em São Paulo. O futebol foi fundamental para a construção da relação entre pais e filha. Ela tem 23 anos, já jogou no Palmeiras e no São Paulo e atualmente defende o Racing Louisville FC. Está vai ser a primeira Copa do Mundo da meia. • Chris Hyde / Getty Images
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Pela primeira vez em uma Copa do Mundo, a mato-grossense Ana Vitória é meia-atacante e tem 23 anos de idade. Atualmente defende o Benfica e é a jogadora brasileira com mais títulos e jogos pelo clube português. • Chris Hyde / Getty Images
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Após ficar fora de duas Copas do Mundo e uma Olimpíada por conta de lesões no joelho, Adriana vai disputar o Mundial pela primeira vez. A meia-atacante tem 26 anos, defende o Orlando Pride (EUA) e vai ser a primeira piauiense a jogar uma Copa do Mundo.
• Chris Hyde / Getty Images
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Desde novinha, Luana já sabia que seria jogadora de futebol. Com apoio do pai, batalhou para realizar o sonho da família. Aos 30 anos, vai disputar a segunda Copa do Mundo da carreira. A meia-atacante é de São Paulo, já jogou no PSG e atualmente defende o Corinthians. • Chris Hyde / Getty Images
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Em 2019, Kerolin testou positivo no exame anti-doping poucos meses antes da Copa do Mundo. O que parecia um sonho próximo: defender a Seleção em um Mundial, virou um pesadelo. Mas ela deu a volta por cima e, hoje, é uma das principais referências do país no meio de campo. A meia tem 24 anos e defende o North Carolina Courage (EUA) • Chris Hyde / Getty Images
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Duda Sampaio nasceu em Jequeti, interior de Minas Gerais, e cresceu jogando bola na zona rural com o irmão. Não pensava em ser atleta profissional, mas aos 22 anos vai disputar a primeira Copa do Mundo da carreira. Atualmente, a meia atacante defende o Corinthians. • Chris Hyde / Getty Images
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Tamires, que disputará a terceira Copa do Mundo da carreira, é uma das líderes da equipe. A zagueira do Corinthians tem 35 anos, é de Minas Gerais e já defendeu Santos e Atlético-MG, além de ser bicampeã da Libertadores pelo Timão. • Chris Hyde / Getty Images
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Esta será a quarta Copa do Mundo da Imperatriz, Bia Zaneratto. A atacante tem 29 anos, é de São Paulo, jogadora do Palmeiras e tem passagens pela Ferroviária, pelo Santos e Wuhan Jianghan, da China. • Chris Hyde / Getty Images
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Uma das principais referências da Era Pia, Debinha é a artilheira no comando da treinadora e peça fundamental no ataque da Canarinho. A atacante defende o Kansas City, tem 31 anos é de Brazópolis, Minas Gerais, e vai disputar a Copa do Mundo pela segunda vez na carreira. • Chris Hyde / Getty Images
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Foram três lesões graves no joelho e quase três anos afastada dos gramados, mas Gabi Nunes deu a volta por cima e vai disputar a Copa do Mundo pela primeira vez. A atacante tem 26 anos, é de São Paulo, já defendeu o Corinthians e atualmente está sem clube após deixar o Madrid CFF. • Chris Hyde / Getty Images
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Seis títulos de Melhor Jogadora do Mundo: nossa rainha Marta. Infelizmente, esta vai ser a última Copa do Mundo da maior artilheira da história das Copas. No total, são seis participações. A alagoana defende o Orlando Pride e tem 37 anos. • Chris Hyde / Getty Images
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Há um ano, Angelina sofreu uma lesão do ligamento cruzado anterior. Foram 10 meses de recuperação até a volta aos gramados. Após muitas incertezas, a atacante do OL Reign (EUA) de 23 anos foi convocada como suplente da Seleção Brasileira no mundial. No entanto, a atacante Nycole foi cortada por lesão, e Angelina foi convocada no lugar. • Chris Hyde / Getty Images
Sucesso fora dos campos
Com a fama alcançada dentro dos campos, inspirando jovens jogadoras em todo o mundo, Debinha se tornou uma das atletas mais procuradas para ações de marketing e divulgação da modalidade.
A jogadora possui contratos com diversas empresas de grande porte, em vários departamentos, alcançando um grande sucesso fora dos campos como garota-propaganda, algo que era inimaginável para jogadoras do futebol feminino há algumas décadas.
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Substituta de Marta
O Brasil estreia na Copa do Mundo, nesta segunda-feira (24), contra o Panamá, em busca do primeiro título na história da competição. Debinha, aos 31 anos, chega a seu segundo mundial, talvez, como a principal líder técnica da Seleção Brasileira.
A treinadora Pia Sundhage já deixou claro que Marta, que vai disputar sua última Copa aos 37 anos, será utilizada conforme a necessidade dos jogos. A passagem de bastão para Debinha é inevitável.
No ciclo preparatório da Copa, nenhuma atleta teve um desempenho melhor que a camisa 9. Ela é a jogadora que mais balançou as redes na Era Pia Sundhage, com 29 gols em 49 partidas.
O desempenho acima da média nos últimos anos foi reconhecido pela Fifa. Debinha apareceu na lista de indicadas para o prêmio de melhor jogadora do mundo vencido pela espanhola Alexia Puttelas em fevereiro deste ano. A brasileira ficou em sexto lugar.
A experiente Debinha, uma das maiores esperanças do país na Austrália e Nova Zelândia, acredita que, após a preparação para o torneio, o Brasil está pronto para colocar a primeira estrela no peito.
Estou muito confiante. O diferencial desse grupo é a alegria. Acredito que se levarmos isso e a confiança para dentro de campo, dificilmente seremos batidas
Debinha, em entrevista à CBF TV