Incentivo ao esporte fica à mercê de projetos pontuais, diz líder de associação
Presidente da Associação Brasileira de Gestão do Esporte fala sobre queda de recursos destinados à prática esportiva
Com 19 medalhas até agora, o Brasil bateu seu recorde em Olimpíadas. No entanto, esse resultado vem enquanto diminui o incentivo ao esporte no país.
Em 2016, para os Jogos Olímpicos do Rio, foram investidos cerca de R$ 7,2 bilhões, valor que caiu pela metade em Tóquio este ano — R$ 3,6 bilhões –, segundo levantamento da Associação Brasileira de Gestão do Esporte (Abragesp), com base em dados do governo.
O presidente da entidade, Leandro Mazzei, falou sobre esse cenário em entrevista à CNN neste sábado (7). “O principal fator para a queda foi a não existência do Ministério do Esporte, que hoje é uma Secretaria Especial do Esporte no Ministério da Cidadania. O governo, com a ausência do ministério, acabou declinando boa parte do que era investido anteriormente”, avalia.
Segundo Mazzei, há atualmente uma falta de integração entre poder público, clubes e projetos voltados a futuros talentos. “Se você não tem um sistema claro de quem cuida da base, tem um certo desequilíbrio. Os municípios podem desenvolver rendimento, participação e o esporte educacional e de base, mas qual a prioridade que ele tem que dar? Isso vale para estado e governo federal. Os clubes também tem que repensar suas prioridades de acordo com sua capacidade”, explica.
O dirigente defende ainda uma maior atenção a programas que incentivem o esporte à população infantil. “A gente sabe que boa parte das escolas públicas não tem sequer uma quadra. Nem todo mundo tem condição de pagar um clube, e muitas prefeituras oferecem iniciação esportiva, além de projetos sociais, mas está tudo desconectado. Ficamos à mercê de projetos pontuais que do dia para a noite podem deixar de existir”.