STJ ordena uma intervenção na CBF e Caboclo deixa em definitivo a presidência
Entidade vive impasse judicial sobre novo mandatário; substituto imediato do cartola não pode assumir a função
Rogério Caboclo foi afastado de forma definitiva da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A decisão foi tomada nesta quinta-feira (24) por unanimidade pela Assembleia Geral da entidade. No entanto, o substituo imediato do cartola, o presidente da Confederação Baiana de Futebol, Ednaldo Rodrigues, pode não assumir a função.
Isso porque uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), também desta quinta-feira (24), determinou uma intervenção na entidade. Com isso, a expectativa é que o diretor mais velho da instituição seja colocado na presidência da CBF. A entidade ainda não se pronunciou sobre o impasse.
A CNN apurou que Caboclo será suspenso por mais 20 meses, impossibilitando o cartola de reassumir o cargo. O mandato dele acabaria em abril do ano que vem, quando seriam convocadas novas eleições. Mas como a suspensão supera o termino do mandato, ele não tem mais condições de voltar à presidência . A penalidade, desta vez, é referente ao um suposto assédio moral contra um diretor da CBF.
A Assembleia Geral é composta pelos 26 presidentes das federações estaduais e do Distrito Federal. Para ser absolvido da punição, Caboclo precisava de pelo menos sete dos 27 votos possíveis, segundo o regulamento da entidade. A única ausência foi do diretor Antonio Carlos Nunes de Lima, conhecido como coronel Nunes, que alegou problemas de saúde.
Antes da decisão desta quinta-feira (24), Rogério Caboclo já tinha sido suspenso por 21 meses do cargo de presidente. Na ocasião, a denúncia foi da secretária da CBF, que acusou Caboclo de abusos sexuais.
À CNN, o advogado de Rogério Caboclo, Marcelo Jucá, entende a decisão como ilegal. E afirma que recorrerá da suspensão.
“A decisão tomada hoje é absolutamente ilegal, porque não guarda relação nenhuma com os fatos narrados na denúncia. A decisão cabe recurso e é isso que faremos”, disse Jucá.
Próximos passos
A CNN confirmou com fontes ligadas à CBF que a eleição para definir o novo mandatário da entidade está marcada para acontecer em dez dias. Ainda de acordo com a apuração, a tendência é que Ednaldo Rodrigues, presidente da Confederação Baiana de Futebol, assuma a presidência.
A ideia é que Ednaldo Rodrigues assuma o cargo até o termino do mandato de Caboclo, em abril de 2023. Posteriormente, uma nova eleição será anunciada para definir o novo mandatário do próximo quadriênio.
No entanto, o cargo presidencial da CBF pode ser decidido na Justiça. Isso porque uma decisão do presidente do STJ, ministro Humberto Martins, obriga uma intervenção na entidade. A determinação é que o diretor mais idoso seja colocado na presidência da CBF. Nesta caso, quem assumiria é Oswaldo Gentille, o Dino, que é diretor de Patrimônio da instituição.
Procurada pela CNN, a CBF afirma que ainda não foi notificada pelo STJ.
Caboclo investigado por assédio sexual e moral
Rogério Caboclo, é investigado por assédio sexual contra três ex-funcionárias da entidade e por abusos morais conta um dirigente da instituição. Apenas dois já foram julgados. O ex-mandatário nega todas as acusações.
Como protocolo da CBF, todas as denuncias tramitam e são investigadas na Comissão de Ética ligada a entidade. No entanto, uma das vítimas também deu entrada com um processo no Ministério Público do Trabalho (MPT).
Caboclo está afastado do cargo desde 6 julho de 2021, dois dias depois do surgimento da primeira denúncia contra ele. Na época, a CNN divulgou supostos casos de assédio da secretária de Caboclo e confirmou que o ex-mandatário tentou usar R$ 8 milhões da entidade em troca do silêncio da vítima.
Rogério Caboclo nega todas as acusações. Em nota, ele afirma que todas as decisões da Assembleia Geral da CBF são ilegais e têm o intuito de prejudicá-lo.