
O Egito recebe a 27ª Conferência da ONU (COP27) sobre Mudanças Climáticas sob os olhares atentos do mundo nesta semana. As organizações vivem a expectativa de entender como irão atingir a neutralidade de carbono até 2050 para limitar o aquecimento global a 1,5ºC. Segundo a ONU, mesmo se os países se comprometam totalmente com as metas, é quase inevitável que o planeta exceda o limite de temperatura.
Nas palavras do copresidente do último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), Jim Skea, “é agora ou nunca, pois sem reduções imediatas e profundas de emissões em todos os setores, será impossível”. Mas, para além da redução do CO2, quais são as opções dos países na mesa?
Para avançar nas metas de descarbonização e demais emissões de gases de efeito estufa, o Brasil assumiu compromissos audaciosos. Um deles é a redução de metano (CH4) em até 30% até 2030. Na Semana do Clima de Nova Iorque, realizada no último setembro, o mundo já tinha debatido no painel “Precisamos falar sobre metano” os efeitos nocivos do gás metano, em paralelo ao gás carbônico. Nos próximos dias, a previsão é de que um dos temas estratégicos da COP27 seja a aposta em combustíveis alternativos como o biometano, uma solução eficiente de curto prazo para diminuir os gases nocivos na atmosfera.
Vale destacar as diferenças básicas entre os poluentes para entender a importância da desmetanização. O gás carbônico é prejudicial pelo tempo que perdura. Uma partícula de CO2 pode permanecer por pelo menos 120 anos na atmosfera da Terra. Diferente do CH4 que dura, no máximo, 10 anos. Contudo, o impacto do metano no aquecimento global é 25 vezes maior do que o gás carbônico, sendo responsável por cerca de 30% do aquecimento global atual. Um gás mais prejudicial e com curta duração, o metano passou a ser o alvo das autoridades ambientais para resultados efetivos no curto prazo.
Ao evitar que o metano entre em contato com a atmosfera, transformando-o em biometano, evita-se a emissão de gases poluentes ao mesmo tempo em que se produz uma solução ambiental para substituir combustíveis fósseis, evitando novas emissões.
No Brasil, muitas empresas já deram um passo à frente, antecipando-se às prováveis recomendações da COP27, e já estão optando pelo biometano no abastecimento de suas frotas veiculares e em plantas industriais brasileiras, acelerando as suas transições energéticas. Indústrias de alimentos & bebidas e siderurgia já contam com a solução para atingir as altas temperaturas necessárias em suas operações. Chamado de gás verde, o biocombustível é totalmente renovável e reduz em 95% as emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE).
Com ciclo totalmente sustentável, desde a produção até a eliminação de gases na combustão, o biocombustível protagonista da COP27 é produzido a partir de resíduos urbanos (aterros sanitários) ou resíduos do agronegócio. Ou seja, da degradação da matéria orgânica, o gás é purificado com a remoção completa de CO2, enxofre e outros poluentes. Após todo o processo, o biometano é obtido como um biocombustível gasoso 100% renovável.
As projeções da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás) são ainda mais animadoras e confirmam a sintonia do Brasil com a Conferência deste ano. O potencial de produção de biogás no país é de 30 milhões de m³/dia até 2030, dando margem para superar as metas estabelecidas pela Conferência, com redução de 36% das emissões. Mais de 7 milhões de toneladas de metano deixarão de entrar em contato com a atmosfera para receber um destino nobre: se tornar o biocombustível efetivo para a transição energética.
Outro fator fundamental que reforça o gás verde como a melhor opção para o Brasil atingir as metas da COP27 é que a totalidade de sua cadeia produtiva é feita em território nacional. Ou seja, não sofre com as variações do câmbio e da cotação internacional do petróleo, sendo a melhor também sob o prisma econômico. Vale exemplificar a eficiência do gás verde em uma operação logística: um caminhão que roda 14,5 mil km por mês, ao mudar de combustível fóssil para o biometano, evita a emissão de 231 toneladas de CO2 equivalente por ano, o que significa 133 árvores plantadas.
Segundo os cientistas, ainda é possível evitar os piores cenários e reduzir metade das emissões até 2030. Relatórios também indicam que reduzir o metano em 45% é crucial para reduzir o aquecimento em 0,3 graus Celsius até 2040 e nos colocar no caminho para um futuro saudável. Assim, o biometano é a solução mais rápida e eficaz para um planeta sustentável.
Fabricado em solo nacional, a partir do lixo urbano das cidades ou de resíduos do agronegócio, o gás verde permite imaginar um planeta mais saudável em 2030. Como a ONU já indicou e irá reforçar na COP27, é agora ou nunca. E por todas as vantagens ambientais, econômicas e operacionais, no curto e médio prazos, o biometano será crucial para que o Brasil alcance as metas de reduzir emissões e tenha protagonismo no processo de transição energética global.
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