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      Fernanda Lavarello - diretora de Assuntos Corporativos e Comunicação da BHP Brasil

      Fernanda Lavarello é Diretora de Assuntos Corporativos e Comunicação da BHP Brasil, uma das acionistas da Samarco.

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    OPINIÃO

    Desinformação: a arma contra a reparação da Bacia do Rio Doce

    A desinformação, com sua aparência sedutora, traz graves consequências sociais, fomenta conflitos e gera polarização. A pesquisa Truth Quest (2024) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), conduzida em 21 países, demonstrou que os brasileiros estão entre os mais suscetíveis às notícias falsas. Essa vulnerabilidade prejudica nossa compreensão de questões importantes, pois narrativas que parecem benéficas, nem sempre condizem com a realidade.

    Os efeitos da desinformação são particularmente agravados em momentos de crises, que exigem transparência e informações precisas. Vamos olhar, por exemplo, para a realidade na qual estou inserida: o processo de reparação da Bacia do Rio Doce.

    Esse é um trabalho, dada sua magnitude, que já dura nove anos e é precedido pela tragédia do rompimento da barragem de Fundão em Mariana, da Samarco, que nunca deve ser esquecida.

    Desde o primeiro momento foram empreendidas diversas ações de reparação e compensação, sempre buscando as melhores soluções, até culminar na assinatura do novo e definitivo acordo de reparação em outubro de 2024.

    Isso criou uma cadeia de envolvimento e interesses entre as pessoas atingidas, os movimentos organizados, as empresas, os governos federais, municipais e estaduais, ONGs, advogados, instituições de justiça, cientistas, enfim, um mundo de representações, opiniões e interpretações do contexto que estamos vivendo.

    Devido a essa complexidade, devemos tratar todo o processo de maneira séria e responsável, pois não existe, nem nunca existiu, soluções simples e rápidas. Infelizmente, todo esse processo também tornou possível o uso da desinformação como arma narrativa.

    Percebemos, cada vez mais, as pessoas tratarem opinião e interpretação unilateral como fato. É importante entendermos que a desinformação não se limita à criação de mentiras. Podemos ir além, pensar na confusão e estímulo a incerteza, nas verdades tiradas de contexto, ou até mesmo em fatos incompletos apresentados como absolutos.

    Fato é que a desinformação tem prejudicado a reparação. Vimos em algumas matérias frases apresentadas em tribunais estrangeiros tiradas de contexto para criar manchetes sensacionalistas.

    Foi propagado, por exemplo, que a BHP queria excluir pessoas com deficiência da ação inglesa, quando na realidade, o debate em questão tratava de prazos prescricionais dentro de um contexto legal amplo.

    Essa interpretação foi, no mínimo, incompleta e distorcida. Rejeitamos veementemente esse tipo de descrição. Também temos observado com preocupação aqueles que deveriam defender os interesses da população atingida, afirmarem, entre outras informações falsas, que as indenizações para as pessoas no novo acordo serão pagas em 20 anos – o que é mentira já que as pessoas serão pagas em parcela única ainda em 2025.

    A batalha contra a desinformação não pode ser reduzida a mera dicotomia do herói e vilão. Como comunicadora tenho a obrigação de entender e agir com a responsabilidade exigida. Isso implica ser transparente, direta e explicativa.

    Na minha opinião, combater a desinformação, em todos os possíveis formatos, exige uma abordagem conjunta de empresas, público e imprensa: as empresas têm a obrigação ética de comunicar de forma precisa, transparente e acessível; o público precisa se manter atento, questionar as informações e compartilhar os conteúdos de forma responsável; e a imprensa deve promover um jornalismo imparcial e investigativo, priorizando fatos e evidências, apresentando sempre todas as possíveis perspectivas e combater ativamente a desinformação.

    Combater a desinformação é uma responsabilidade coletiva que exige ação conjunta. É urgente que esse compromisso seja prioritário entre todos os atores envolvidos no caso de Mariana, para que, ao disseminarmos informações confiáveis e com transparência, possamos construir um caminho mais seguro para a reparação definitiva da Bacia do Rio Doce, privilegiando acima de tudo quem mais deve ser beneficiado por ela: as pessoas atingidas pelo rompimento da barragem da Samarco em 2015.

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