OPINIÃO
Equipes Multigeracionais: Como transformar diferenças em vantagem competitiva
Por muito tempo, a diversidade foi um objetivo almejado por organizações, mas pouco implementado na prática. Hoje, no entanto, está cada vez mais claro que esse ideal deve se transformar em um pilar estratégico para empresas que buscam inovação e crescimento sustentável.
Recentemente, temos observado mudanças concretas no mercado de trabalho com a chegada de profissionais da Geração Z, adicionando uma camada extra de complexidade e oportunidades a essa dinâmica. Esses jovens, nascidos entre 1997 e 2002, representavam apenas 2,5% dos(as) profissionais com um perfil no LinkedIn até 2010, hoje já são 40% dos usuários e usuárias da rede. Consolidando-se como o público de maior crescimento atualmente, a previsão é que, nos próximos cinco anos, essa geração se torne maioria na plataforma, superando até os Millennials (51%), que atualmente lideram. Por outro lado, mais de 54 milhões de brasileiros estão com mais de 50 anos, segundo o IBGE e, em 2040, segundo estudo da PwC e da FGV, 57% da força de trabalho do país terá 45 anos ou mais.
Essas transformações estão exigindo adaptações de times e organizações para que a integração entre gerações seja positiva e produtiva para todos. Com características e habilidades ainda em desenvolvimento, a Geração Z traz novas perspectivas que desafiam práticas tradicionais. Apesar disso, uma recente pesquisa do LinkedIn mostrou que 32% dos líderes brasileiros desejam focar em ajudar times multigeracionais a trabalharem melhor juntos em 2025.
Transformando diferenças em vantagem competitiva
As diferenças de interesses entre as gerações podem ser percebidas, por exemplo, no estilo de comunicação e nas expectativas de carreira. Vemos diferenças também quando olhamos novamente para os recortes geracionais na plataforma do LinkedIn, os nascidos entre 1965 e 1980, representam apenas 8,9% dos perfis, o que indica preferências distintas quando o assunto é o mundo profissional. Essas diferenças podem gerar um grande impacto na rotina de uma equipe, na cultura organizacional da companhia e consequentemente, no desempenho da empresa.
No Brasil, a Geração Z é ainda mais ativa no mundo profissional, o país é o segundo com maior percentual de usuários e usuárias dessa geração no LinkedIn, ficando atrás apenas da Índia (41%) e superando países como os Estados Unidos, onde representam apenas 20%. Esse dado reflete o dinamismo, a rápida adoção tecnológica e o grande interesse dessa geração em relação ao posicionamento, aos valores e à cultura das companhias, aspectos que muitos consideram essenciais para sua escolha de carreira e engajamento profissional.
Apesar dos desafios, essas e outras diferenças criam um terreno fértil para a inovação. Um estudo da McKinsey revelou que empresas com equipes diversificadas têm 35% mais chances de superar a média do setor em termos de desempenho financeiro. Equipes multigeracionais combinam experiência, energia e criatividade para obter soluções mais completas e adaptáveis. Para as empresas, o maior desafio está em criar uma cultura organizacional que valorize esses aspectos
e promova o aprendizado mútuo. É nessa integração que as oportunidades estão: ao unir forças, essas equipes têm o potencial de transformar a diversidade em uma vantagem competitiva única.
Gerenciar equipes multigeracionais exige ações práticas e direcionadas para criar um ambiente inclusivo, colaborativo e respeitoso, onde as diferenças sejam valorizadas como pontos fortes. Estratégias eficazes incluem a implementação de programas de mentoria reversa, a criação de canais de comunicação que contemplem diferentes preferências e uma liderança flexível que garanta a inclusão de todos. Essas iniciativas permitem que tanto os profissionais mais jovens quanto os mais experientes compartilhem conhecimentos de forma complementar, enriquecendo o trabalho do time.
Uma cultura organizacional que incentiva o reconhecimento das contribuições únicas de cada geração e estimula o debate saudável, é capaz de eliminar preconceitos e fortalecer os laços entre a equipe. Investir em treinamentos para combater vieses inconscientes e implementar ferramentas de feedback contínuo são outras medidas práticas que podem ajudar no desenvolvimento de um ambiente positivo e livre de estereótipos.
Por último, vale ressaltar que as empresas devem desenvolver suas estratégias tomando o cuidado de não partir de suposições sobre habilidades baseadas na idade, já que as capacidades e o potencial de cada indivíduo independe disso. Ao invés de categorizar pessoas com base em sua idade, a chave está em enxergar o valor único de cada profissional com base em suas vivências e interesses.
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