Por que a população precisa se preocupar com a osteoporose?
Estudo internacional revela que quase 20% dos idosos morrem nos três primeiros meses após a fratura e mais da metade perde a autonomia

Sofrer uma fratura de quadril pode mudar radicalmente a vida de uma pessoa. Pesquisas internacionais recentes mostram que de 20% a 30% dos pacientes morrem no primeiro ano após esse tipo de fratura, e em alguns grupos de risco esse número ultrapassa 40%. Outro dado que pode nos guiar para ações mais efetivas indica que menos da metade dos sobreviventes consegue recuperar a mobilidade anterior, portanto o comprometimento da autonomia é uma outra face dessa moeda a ser atentamente observada. Esses indicadores revelam a gravidade do problema, que envolve dependência e custos elevados para a saúde pública.
A osteoporose é uma doença crônica que enfraquece os ossos e aumenta a predisposição a fraturas, especialmente após os 60 anos. Entre elas, a do quadril é considerada a mais grave. Estima-se que até 2050 terão 4,5 milhões de fraturas desse tipo por ano no mundo, principalmente em pessoas acima de 75 anos - esse número é uma estimativa e pode estar subnotificado, de acordo com dados da Aging Clinical and Experimental Research. Embora mais frequentes em mulheres, os homens apresentam mortalidade proporcionalmente maior após o evento, o que reforça a complexidade.
Os índices se repetem em diferentes países e regiões, mostrando que o risco de morte é alto logo no primeiro ano e permanece elevado mesmo após o tratamento. A sobrevida e a recuperação estão diretamente ligadas a fatores como idade avançada, doenças crônicas, problemas cardíacos, diabetes, doença renal e respiratória, demência, além de desnutrição e fragilidade muscular. O tempo até uma eventual cirurgia também faz diferença: quando o procedimento é realizado após 48 horas, o risco de morte aumenta de forma significativa.
Outros aspectos sociais e estruturais também pesam. Estudos publicados na Osteoporosis International e na Archives of Osteoporosis indicam que viver em áreas rurais ou ter menor renda aumenta a mortalidade. Por outro lado, hospitais preparados, capazes de operar em até 24 ou 48 horas e oferecer reabilitação interdisciplinar, conseguem resultados mais positivos.
As estatísticas de diferentes países confirmam a gravidade do quadro. Na Alemanha, um estudo recente publicado pela Aging Clinical and Experimental Research apontou mortalidade de 19,7% nos primeiros 90 dias, chegando a 38% entre os homens. Na Espanha, uma pesquisa com idosos mostrou taxa de 32,5% em 12 meses, com índices ainda mais preocupantes em áreas rurais (43,1%) do que em urbanas (23,5%). Mesmo após o segundo ano, os homens seguem apresentando maior risco de morte, associado a comorbidades, sarcopenia e menor adesão ao tratamento da osteoporose.
Mesmo quando há sobrevida, as sequelas costumam ser enormes. Metanálises apontam que, um ano após a fratura, 40% dos pacientes não conseguem mais andar de forma independente e 60% precisam de algum tipo de auxílio permanente. Em muitos casos, isso leva a casas de repouso e à necessidade de cuidados contínuos.
Com o rápido envelhecimento populacional, a tendência é que o número de fraturas de quadril cresça nas próximas décadas.Por isso, encarar o problema como uma emergência médica e social é essencial. É preciso investir em prevenção, com diagnóstico precoce da osteoporose, garantir cirurgia rápida e ampliar o acesso a programas de reabilitação adequados.
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