"A Besta": Conheça a limousine em que Trump e Putin andaram juntos
Cadillac modificado é capaz de resistir a ataques em larga escala, inclusive com armas químicas

O presidente Donald Trump recebeu nesta sexta-feira (15) o líder russo Vladimir Putin para uma cúpula no Alasca. Os dois se encontraram no aeroporto e depois entraram no carro oficial da Casa Branca, conhecido como "A Besta".
A atitude é incomum, principalmente para um adversário. Quando Trump quis que o ditador norte-coreano Kim Jong-un o acompanhasse em seu carro durante o encontro em Singapura em 2018, assessores o convenceram a não fazê-lo.
Mas esta é uma era diferente para Trump, com conselheiros e objetivos diferentes. E embora o encontro presencial tenha sido expandido para incluir conselheiros, é uma indicação de que Trump e Putin ainda terão um momento a sós — mesmo que seja apenas por uma curta viagem de carro.
O veículo usado é um Cadillac modificado, produzido exclusivamente pela General Motors, montadora que faturou contratos de quase US$16 milhões do governo americano para o projeto, de acordo com registros federais. O modelo mais novo entrou em operação em 2018 quando foi usado por Donald Trump em Nova York em compromissos ligados à Assembleia Geral da ONU.
É quase impossível não notar a grossura da porta toda vez que o presidente sai do carro durante algum evento oficial. A sensibilidade em relação à limousine é algo que às vezes transparece em compromissos do presidente. É comum que em muitas recepções de Estado em outros países existam membros do cerimonial que abrem as portas dos carros dos líderes na chegada aos locais dos eventos.
O problema é que, no caso da "Besta", só agentes do Serviço Secreto podem fazer isso, o que muitas vezes acaba provocando confusões na hora que em que o presidente americano sai do carro.
Por uma questão de segurança nacional, muitas das especificidades do carro são sigilosas. Apesar disso, há algumas coisas que sabemos sobre “A Besta”.

Blindagem e bolsa de sangue
O carro do presidente conta com vidros blindados capazes de suportar o impacto de balas vindas de armas de grosso calibre, como fuzis e rifles de precisão. Alguns especialistas estimam uma camada de pelo menos 30 centímetros de proteção. O revestimento reforçado também pode resistir a explosivos. Além disso, as portas são fechadas hermeticamente e o interior conta com um sistema de tanques de oxigênio que podem ser utilizados para salvar quem está dentro em um eventual ataque com gases químicos ou armamentos biológicos.
Os pneus foram projetados para rodar mesmo que acabem furados ou danificados por alguma ameaça externa, garantindo o transporte em uma eventual fuga. Além disso, há uma bolsa com o sangue do presidente reservada em um compartimento refrigerado, no caso de necessidade de uma transfusão de emergência. O interior do veículo também é equipado com um sistema de comunicação seguro, com telefones irrastreáveis e que não podem ser interceptados. Em 2015, Barack Obama disse em uma entrevista que era possível mobilizar um submarino nuclear a partir de uma ligação de dentro do carro.
Apesar dos recursos de segurança, o carro presidencial também representa alguns desafios logísticos e operacionais. Normalmente usado em viagens, os carros da GM são colocados em aviões militares de carga que chegam ao destino final antes mesmo do presidente americano. O transporte é caro e precisa ser planejado com muita antecedência pelas lideranças do Serviço Secreto.
Além disso, há relatos de que o veículo é difícil de ser manobrado devido ao peso, pouca altura livre em relação ao solo e o tamanho. Por causa da blindagem extremamente pesada, peças ligadas à suspensão, freios, transmissão e pneus acabam mais desgastadas, o que implica em custos maiores de manutenções.
Comboio presidencial
Mesmo com todos os artifícios que “A Besta” possui, grande parte da proteção do presidente está ao redor dela. A limousine nunca anda sozinha, está sempre cercada de vários outros veículos: é o chamado “Motorcade”, o comboio presidencial. São múltiplas camadas de proteção em uma mesma operação coreografada nos mínimos detalhes garantindo segurança e eficiência
Antes da passagem da limousine, o protocolo do Serviço Secreto determina que um outro carro faça a rota minutos antes. O objetivo é identificar pontos sensíveis ou gargalos de segurança no trajeto. Pouco depois, aparecem os batedores que abrem o caminho e garantem constância na velocidade do comboio.
Outros elementos da comitiva também incluem veículos equipados com domos no teto capazes de desativar qualquer explosivo de detonação remota, por sinal de rádio ou de telefone. Esse carro também pode identificar drones e projéteis por meio de radares.
Carros do tipo SUV transportam as tropas consideradas de elite do Serviço Secreto, com agentes carregando armas de última geração e de alta precisão. Além disso, uma ambulância integra o comboio para qualquer emergência médica.
Com informações de Diego Pavão, da CNN.