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    A menos de um mês do prazo, Argentina vê indefinições de candidatos à sucessão de Fernández

    Não se sabe sequer se haverá eleições internas ou um candidato único entre os que defendem o peronismo

    Iván Pérez Sarmentida CNN

    Incerteza é, talvez, a palavra que melhor sintetiza o que o peronismo enfrenta diante das eleições presidenciais na Argentina em 2023. Não se sabe sequer se haverá eleições internas ou um candidato único, faltando cerca de um mês para o prazo para a apresentação dos candidatos.

    No dia 14 de junho, vence o prazo para alianças e confederações. No dia 24 de junho, é o prazo para apresentação da lista dos pré-candidatos.

    As certezas são poucas: uma delas é que a atual vice-presidente reiterou que não será candidata, apesar do “clamor operativo” lançado por seus seguidores mais próximos para convencê-la a reverter o anúncio de que não concorrerá “a nada”. A outra, é que o presidente Alberto Fernández se recusou a tentar sua reeleição.

    O presidente, que até o momento não apoiou publicamente nenhum candidato, insiste na importância da coalizão de governo da Frente de Todos participar das Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias (as chamadas PASO) com vários candidatos, algo que nunca aconteceu no peronismo.

    Alguns de seus parceiros de coalizão não parecem compartilhar sua visão. Sergio Massa, atual ministro da Economia e que diversas pesquisas apontam como o mais bem posicionado para disputar a presidência, já se pronunciou publicamente contra essa opção. No entanto, ele ainda não confirmou se será candidato.

    Quem já manifestou vontade de disputar a corrida presidencial é o atual chefe de gabinete, Agustín Rossi, e o embaixador no Brasil, Daniel Scioli, que perdeu para Mauricio Macri nas eleições presidenciais de 2015.

    Outro é o líder social Juan Grabois, que inclusive fez seu lançamento formal com o slogan “Argentina Humana, Juan 23”, com lembranças ao Pontífice e talvez a proximidade que soube ter com o papa Francisco.

    Grabois, crítico do acordo com o Fundo Monetário Internacional e da gestão de Massa, realizou sua cerimônia de posse no dia 19 de maio, onde afirmou que “há um candidato a presidente aqui” e que “vamos ganhar o PASO, porque haverá PASO e garantiremos a batalha mais forte contra a direita rançosa e neoliberal”.

    Enquanto as primárias ainda não foram confirmadas dentro do peronismo, outro que já se inscreveu para concorrer foi Claudio Lozano, ex-diretor do Banco Nación e líder do espaço Unidade Popular.

    Fachada da Casa Rosada, sede presidencial argentina em Buenos Aires / 20/09/2021 REUTERS/Agustin Marcarian

    Aguardando a decisão de Cristina Kirchner

    Embora ela já tenha dito que não será candidata, todos aguardam a decisão final da vice-presidente Cristina Fernández de Kirchner, que até agora evitou dar muitos detalhes.

    Em entrevista concedida no dia 18 de maio, ela disse que “vencer as eleições depende de fazer a sociedade se apaixonar novamente, de convencê-los novamente de que houve um tempo em que vivíamos melhor”. Ela também elogiou o ministro da Economia, Massa, que segundo ela “pegou uma batata quente”.

    Massa, ex-presidente da Câmara dos Deputados, interpretou essas palavras durante um ato: “Não sou daqueles que fica com medo diante de um desafio. Na hora de pegar a batata quente, muitos dos que hoje caminham pelos canais de televisão falando em vão sobre candidaturas, eles se escondiam debaixo da cama. Nós nos levantamos, colocamos nossos corpos e tomamos conta”.

    Mas nessa mesma entrevista, a vice-presidente também disse que espera que “os filhos da geração dizimada sejam os que assumam a liderança”. A referência é à geração dos que enfrentaram a ditadura nos anos 1970, muitos dos quais acabaram desaparecidos.

    Por isso, vários interpretaram suas palavras como um apoio ao ministro do Interior, Eduardo “Wado” De Pedro, filho de desaparecidos e pessoa de confiança da vice-presidente, apontado por alguns do peronismo como possível candidato.

    No dia seguinte, De Pedro, que começou a ter mais visibilidade pública e disse que, politicamente, faria o que Fernández de Kirchner lhe dissesse, falou:

    “Sou de uma geração que podemos chamar de geração da esperança, e é bom que a Argentina, 40 anos depois do retorno à democracia, comece a fazer uma transição geracional em todas as áreas. Porque o mundo mudou. Eu sou de uma geração que está ocupando o protagonismo, e é bom que comecemos para fazer uma transição geracional”.

    De Pedro é um dos funcionários que, mesmo fazendo parte do governo, exteriorizou as críticas do kirchnerismo ao presidente Fernández, às vezes explicitamente, outras vezes sem mencioná-lo.

    Agora, a expectativa é para o ato de 25 de maio (Dia da Pátria) na Plaza de Mayo, onde também é comemorado o 20º aniversário da chegada de Néstor Kirchner ao poder, tendo como oradora a vice-presidente.

    Ela vai nomear um candidato, como fez com Fernández em 2019? Ela vai defender a definição da candidatura pelo sistema que promoveu em 2009 quando era presidente (as PASO) e que nunca usou? Será preciso ver se ela diz algo que ajude a ordenar o peronismo. Mas até agora ela se limitou a convocar para o ato: “Espero todos vocês na Plaza”.

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