Ação de Israel em Gaza e na Síria foi surpresa para Trump, diz Casa Branca

Segundo fontes, a relação entre o presidente americano e o premiê isralense Benjamin Netanyahu está cada vez mais tensa

Kevin Liptak, da CNN
Secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, durante entrevista coletiva em Washington  • 03/06/2025 REUTERS/Leah Millis
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O presidente Donald Trump foi surpreendido na semana passada pelas ações israelenses em Gaza e na Síria e, em ambas as ocasiões, telefonou para o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para “corrigir” a situação, segundo a Casa Branca.

Isso reforça o que fontes dizem ser uma dinâmica cada vez mais tensa entre os dois líderes.

Um ataque na última quinta-feira (17) à única igreja católica em Gaza provocou uma reação negativa imediata de Trump, que ligou para Netanyahu para expressar seu descontentamento e garantir que o líder israelense divulgasse uma declaração classificando o ataque como um erro.

Trump também ficou surpreso com os ataques aéreos israelenses contra prédios do governo na capital síria, Damasco, na semana passada, em um momento em que sua administração trabalha para reconstruir o país devastado pela guerra.

“O presidente mantém uma boa relação de trabalho com Benjamin Netanyahu e está em comunicação frequente com ele. Ele foi pego de surpresa pelo bombardeio na Síria e também pelo bombardeio à igreja católica em Gaza”, disse a secretária de imprensa Karoline Leavitt aos repórteres na Casa Branca na segunda-feira (21).

“Em ambos os casos, o presidente rapidamente ligou para o primeiro-ministro para corrigir essas situações”, acrescentou.

Leavitt destacou os esforços do secretário de Estado Marco Rubio para acalmar as tensões na Síria, onde Trump relaxou sanções e apoiou o novo presidente, o ex-líder rebelde Ahmed al-Sharaa.

Trump, que recebeu Netanyahu na Casa Branca no início deste mês, tem uma relação complicada com o líder israelense. Apesar de serem aliados fortes, os dois não são pessoalmente próximos, disseram pessoas próximas à dinâmica, e a relação às vezes é marcada por desconfiança mútua.

Ainda assim, Trump parecia estar mais próximo do que nunca de Netanyahu após sua decisão de apoiar a campanha aérea de Israel contra o Irã em junho. Durante um jantar na Sala Azul da Casa Branca no início deste mês, Netanyahu fez um gesto dramático ao apresentar uma carta que havia escrito ao comitê do Nobel, nomeando Trump para o prêmio da paz.

Trump esperava que a visita de quatro dias de Netanyahu a Washington resultasse em avanços para um cessar-fogo em Gaza, que incluísse a libertação dos reféns ainda mantidos pelo Hamas e um aumento significativo da ajuda humanitária permitida no enclave sitiado. O presidente dos EUA disse repetidamente antes da visita que esperava um cessar-fogo naquela semana.

Mas Netanyahu deixou os Estados Unidos sem que um acordo fosse anunciado. Agora — quase uma semana depois que mediadores enviaram a última proposta de cessar-fogo e libertação de reféns ao Hamas — todas as partes ainda aguardam a resposta dos líderes do Hamas em Gaza, disseram duas fontes familiarizadas com as negociações à CNN.

O Hamas afirmou em comunicado na segunda-feira que está “empreendendo todos os esforços e energias 24 horas por dia” para alcançar um acordo sobre o cessar-fogo em Gaza e a libertação dos reféns.

Trump acompanha com crescente preocupação a guerra em Gaza, que já causou muitas mortes — incluindo três vítimas no ataque à igreja na semana passada.

“A mensagem do presidente sobre esse conflito no Oriente Médio, que já dura tempo demais e se tornou bastante brutal, especialmente nos últimos dias, com relatos de mais pessoas morrendo, é clara: o presidente nunca gosta de ver isso. Ele quer que a violência acabe”, disse Leavitt.

Ela também elogiou os esforços da administração para permitir a entrada de ajuda em Gaza, mesmo com os ministros das Relações Exteriores de 25 países ocidentais condenando Israel por “liberar a ajuda aos poucos” na faixa de Gaza. O ministério da saúde do território informou que mais de 1.000 pessoas morreram buscando ajuda humanitária desde o final de maio.

“O presidente é a razão pela qual a ajuda está sendo distribuída em Gaza”, afirmou Leavitt. “Ele quer que isso seja feito de forma pacífica, para que não se percam mais vidas.”

“É uma situação muito difícil e complicada que o presidente herdou devido à fraqueza da administração anterior. E acho que ele merece aplausos,” disse Leavitt.

“O presidente quer ver a paz e tem sido bastante claro sobre isso.”

Jeremy Diamond, Kareem Khadder e Mohammed Tawfeeq, da CNN, contribuíram para este relatório.