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    Bolívia militariza fronteira com Brasil contra inflação de alimentos

    Governo Arce diz que “contrabando invertido” de alimentos para países vizinhos aumenta preços no mercado interno

    Luciana Taddeoda CNN , em Buenos Aires

    O governo da Bolívia anunciou, na segunda-feira (7), a militarização das fronteiras com países vizinhos como o Brasil, a Argentina e o Peru para combater a disparada dos preços dos alimentos no mercado interno do país.

    De acordo com o governo de Luis Arce, produtos como tomate, açúcar, arroz, batata, carne e óleo estão sendo contrabandeados para os países vizinhos e vendidos a preços mais elevados do que no mercado interno boliviano.

    “Instruímos as nossas forças armadas a militarizar as fronteiras, a que não deixemos que [os produtos bolivianos] saiam”, disse o presidente boliviano, complementando: “Temos que nos endurecer como bolivianos porque, atualmente, graças à nossa produção de alimentos, nossos países vizinhos estão aproveitando e vivendo desse baixo custo de produção”.

     

    Segundo Arce, o reforço nas fronteiras procura evitar que a produção agrícola nacional, subvencionada mediante subsídios ao diesel, o que alivia os cursos de plantio, colheita e transporte, seja retirada de maneira ilegal do país, afetando seus custos no mercado interno.

     

    O governo boliviano afirma já ter apreendido, desde a semana passada, 140 toneladas de arroz que estavam sendo levadas para o Brasil.

    “O bolso do nosso trabalhador paga esse baixo preço da carne, do frango, do ovo, do arroz, do macarrão, do óleo, mas nos países vizinhos que têm maiores níveis de ingresso, eles podem pagar mais e estão fazendo isso”, disse o presidente boliviano, concluindo que o fenômeno “gera problemas”.

    A inflação boliviana saltou de 0,08% mensais em janeiro para 0,88% em setembro.

    Em coletiva nesta terça-feira (9), o ministro do Planejamento do Desenvolvimento da Bolívia, Sergio Cusicanqui, disse que o índice está em aumento devido a fenômenos climáticos extremos, como a seca e os incêndios que estão devastado milhões de hectares, mas também devido a uma “inflação importada”.

    Segundo ele, a inflação internacional faz com que produtos sejam importados por preços mais elevados, mas também provocam um fenômeno que qualificou de “contrabando invertido”, com produtos bolivianos sendo retirados do país e gerando especulação.

    “De maneira permanente, regular, vemos que os preços dentro da Bolívia dos produtos como tomate, cebola, batata e açúcar são menores aos preços desses mesmos produtos em outros países”, disse, mostrando uma tabela comparativa com preços de produtos em seu país e na Argentina, no Brasil e no Peru.

    As medidas tomadas pelo governo, além da recém anunciada militarização, segundo ele, foi zerar impostos de produtos como farinha de trigo, matérias-primas para remédios, agroquímicos e máquinas agrícolas, para amortizar os efeitos inflacionários.

    O governo boliviano também está realizando controles em mercados e centros de abastecimento para “reduzir risco de especulação” com produtos, e realizando feiras camponesas para vender alimentos de produtores diretamente para a população.

    Nos últimos dias, açougueiros de Santa Cruz fecharam as portas de seus negócios contra o aumento do preço da carne. O governo Arce conseguiu colocar fim à greve após se reunir com trabalhadores, comercializadores e exportadores de carne e se comprometer a implementar medidas contra o contrabando, entre outras medidas.

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