Brasileiros no Líbano: Governo avalia possibilidade de missão de resgate
Itamaraty coleta lista de brasileiros interessados em deixar o país em meio à escalada da tensão no Oriente Médio
O governo brasileiro analisa se vai atender aos apelos de brasileiros no Líbano que querem voltar ao país de origem. O Itamaraty informou à CNN que ainda não concluiu a contagem de interessados em obter apoio logístico de aviões da FAB para regressarem ao Brasil.
Até o momento, a avaliação é de que há condições dos brasileiros retornarem por conta própria, sem a necessidade de missão de repatriação. Uma das razões é o fato do aeroporto de Beirute, capital libanesa, seguir aberto.
Foi o que ouviu a Fátima Cheaitou, de 26 anos, que tenta voltar ao Brasil com seus pais, tios e avós.
Ela relata que o aeroporto da capital está com todos os voos lotados. E que as companhias aéreas estão cancelando novas viagens.
“Eles dizem para a gente que o aeroporto segue aberto. Como vamos pegar um avião se todos estão lotados? Vão esperar Israel bombardear o aeroporto de Beirute para enviar a ajuda?”, questiona Fátima.
Estima-se que 20 mil brasileiros e parentes vivam no Líbano.
Outros países ainda não anunciaram operação de retirada, e ao contrário das diversas missões que o governo brasileiro mandou à Israel, a situação no Líbano ainda não foi considerada com o mesmo nível de gravidade.
O Brasil é o país com a maior comunidade libanesa do mundo. Estima-se que cerca de 7 milhões de libaneses ou descendentes de libaneses vivam em território nacional atualmente.
À CNN, o brasileiro Hussein Ezzddein disse que esperou pela missão de repatriação nos últimos meses, até conseguir retornar sozinho para São Paulo.
A família dele, que em parte ainda se recupera de um bombardeio desde junho, segue no Líbano, no aguardo.
“Eu cheguei de volta ao Brasil tem cinco dias, antes da guerra começar a ficar mais forte. Meus parentes não vieram porque minha sobrinha Zahraa precisou fazer nova cirurgia. Já foram mais de seis operações”, afirmou. Ezzddein é primo da jovem Fatima Boustani, de 30 anos, que estava na cozinha de casa no sul do Líbano, quando foi vítima de ataque a bomba. Ela e os filhos chegaram a ser hospitalizados e passaram por cirurgias.