Coreia do Norte diz que Trump deve aceitar nova realidade nuclear do país
Irmã de Kim Jong Un afirmou que EUA serão alvo de escárnio se tentarem acabar com armas nucleares do país

A Coreia do Norte afirmou nesta terça-feira (29) que os Estados Unidos devem aceitar que a realidade mudou desde as últimas cúpulas entre os dois países e que nenhum diálogo futuro poria fim ao seu programa nuclear, informou a agência estatal KCNA.
Kim Yo Jong, irmã do líder norte-coreano Kim Jong Un, que se acredita ser sua porta-voz, disse admitir que o relacionamento pessoal entre Kim e o presidente dos EUA, Donald Trump, “não é ruim”.
Mas se Washington pretendesse usar um relacionamento pessoal como forma de pôr fim ao programa de armas nucleares da Coreia do Norte, o esforço seria apenas alvo de “escárnio”, afirmou Kim Yo Jong em um comunicado divulgado pela KCNA.
“Se os EUA não aceitarem a realidade alterada e persistirem no passado fracassado, a reunião RPDC-EUA permanecerá como uma 'esperança' para os EUA”, disse ela, referindo-se ao nome oficial da Coreia do Norte, República Popular Democrática da Coreia.
As capacidades da Coreia do Norte como Estado com armas nucleares e o ambiente geopolítico mudaram radicalmente desde que Kim e Trump conversaram três vezes durante o primeiro mandato do presidente americano, alegou ela.
“Qualquer tentativa de negar a posição da RPDC como Estado com armas nucleares… será totalmente rejeitada”, afirmou.
Relação entre Rússia e Coreia do Norte
Destacando a melhora dos laços entre a Coreia do Norte e a Rússia, outra reportagem da KCNA destacou a retomada do primeiro voo direto de passageiros entre Pyongyang e Moscou em décadas, que chegou à capital norte-coreana na segunda-feira (28).
O voo foi retomado “em meio às crescentes visitas e contatos diários e multilaterais entre” a Coreia do Norte e a Rússia, confirmou a agência nesta terça-feira (29).
A Coreia do Norte forneceu tropas e armas para a guerra da Rússia na Ucrânia, uma medida criticada pelos EUA e seus aliados, que, por sua vez, acusaram Moscou de fornecer ajuda tecnológica a Pyongyang em troca de seu apoio.
Questionado sobre a declaração norte-coreana, um funcionário da Casa Branca afirmou que Trump ainda estava comprometido com o objetivo que tinha para as três reuniões de cúpula que realizou com Kim em seu primeiro mandato.
“O presidente mantém esses objetivos e permanece aberto a dialogar com o líder Kim para alcançar uma Coreia do Norte totalmente desnuclearizada”, declarou o funcionário da Casa Branca à agência de notícias Reuters.
Em seu primeiro encontro em Singapura, em 2018, Trump e Kim assinaram um acordo de princípio para tornar a Península Coreana livre de armas nucleares.
A cúpula subsequente, em Hanói, no ano seguinte, fracassou devido a um desentendimento sobre a remoção das sanções internacionais impostas contra Pyongyang.
Trump afirmou ter um “ótimo relacionamento” com Kim, e a Casa Branca disse que o presidente está receptivo à ideia de se comunicar com o recluso líder norte-coreano.