Corredor luta com urso em floresta japonesa: "Meu braço ficou destruído"
Billy Halloran passou por três cirurgias e deve permanecer no hospital por algumas semanas

Billy Halloran conhece bem as florestas de Myoko, no Japão: costuma passear, correr e até já participou de uma ultramaratona em meio à sua natureza selvagem. Mas, há duas semanas, acabou correndo para salvar a própria vida na mesma floresta, após ser atacado por um urso.
Halloran estava correndo como de costume no início de outubro quando viu algo que nunca tinha visto antes: dois ursos-negros-asiáticos.
Ele soube imediatamente que estava em apuros. Os ataques de ursos têm aumentado em todo o Japão: mais de 100 pessoas ficaram feridas só neste ano e pelo menos sete morreram — o número mais alto desde que os registros começaram, em 2006. Um ataque fatal recente ocorreu a poucos quilômetros de sua casa.
Agora, ele estava sozinho na trilha, a vários quilômetros de onde havia estacionado o carro, pensando em como escapar dos dois ursos que o observavam de uns arbustos, a menos de 30 metros de distância.
Quando tentou recuar lentamente, um dos ursos começou a se aproximar, contou o homem de 32 anos, natural de Auckland, na Nova Zelândia. “Era mais ou menos do meu tamanho, um adulto, pesava pelo menos 60 ou 70 quilos”, disse ele.
Halloran decidiu não correr, temendo que ele o perseguisse e pulasse sobre ele por trás. Então, em vez disso, tentou afugentá-lo gritando. "Eu vi que ele ia pular em cima de mim, e ele pulou."
Ele levantou o braço na frente do rosto, "e ele me agarrou pelo braço e me jogou no chão", disse Halloran. "Com uma mordida, meu braço foi destruído", contou.

O urso atacou sua perna, deixando-lhe arranhões, e então recuou. Impulsionado pela adrenalina, Halloran conseguiu se levantar e confrontou o urso brevemente, antes que ele desaparecesse entre os arbustos.
Aterrorizado pela possibilidade de que ele voltasse, Halloran ligou para a esposa para que ela o buscasse. Com o braço quebrado e a perna gravemente ferida, ele conseguiu correr um quilômetro para encontrá-la e esperar por uma ambulância.
Ele conversou com a CNN do hospital onde tem se recuperado nas últimas duas semanas, após três cirurgias, incluindo um enxerto de quadril para cobrir um pedaço de osso que havia sido arrancado e a inserção de placas de metal no braço.
Um longo caminho de recuperação ainda o espera, incluindo reabilitação física. Após sua última ultramaratona, ele esperava treinar para mais corridas — e ainda planeja fazê-lo —, mas sabe que não será o mesmo de antes.
Um desafio maior poderá ser enfrentar o trauma persistente do ataque, que ele comparou a "como alguém que foi atacado por um tubarão se sente ao tentar voltar a surfar".

Mas ele está determinado a voltar a correr na floresta e agradece à comunidade local de corredores que o apoiou durante sua recuperação. E ele se sente sortudo, disse, porque "houve muitos ataques, e algumas pessoas não tiveram tanta sorte".
Nos últimos meses, outros incidentes semelhantes incluíram ursos que invadiram um supermercado, rondaram um viveiro de plantas e mutilaram gravemente um homem enquanto ele limpava uma banheira ao ar livre.
Especialistas afirmam que os ursos estão se aventurando cada vez mais para fora de seus habitats tradicionais e entrando em áreas urbanas em busca de alimento, já que as mudanças climáticas estão interferindo na floração e na polinização de algumas de suas fontes tradicionais de alimento.
Em resposta a esse aumento mortal, o governo japonês anunciou na sexta-feira (17) que tomará medidas mais rigorosas para controlar a população de ursos.
Muitos moradores tomam precauções, como carregar sinos ou tocar música alta para afugentar os ursos. Para a próxima vez, Halloran comentou que pode considerar levar spray repelente para ursos.
"Eu só estou um pouco mais cauteloso com o que vou fazer", disse ele. Mas, brincou, o inverno está chegando, e assim que se recuperar, ele está ansioso para "praticar snowboard, recuperar um pouco da saúde mental e se reconectar com a natureza".
