Costa Rica começa construção de prisão inspirada em El Salvador

Criminosos tentam se aproveitar da localização geográfica estratégica e das fragilidades internas do país

Reuters*
Torre de vigilância de setor penitenciário projetado para abrigar 40 mil presos, em Tecoluca, El Salvador
Torre de vigilância de setor penitenciário projetado para abrigar 40 mil presos, em Tecoluca, El Salvador  • 12/10/2023 REUTERS/Jose Cabezas
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O governo da Costa Rica começará a construir um complexo penitenciário de segurança máxima para abrigar criminosos violentos, seguindo o modelo da megaprisão desenvolvida em El Salvador pelo presidente Nayib Bukele. 

O ministro da Justiça da Costa Rica, Gerald Campos, anunciou a medida nesta quinta-feira (14) diante da persistente onda de homicídios atribuídos aos combates entre gangues do narcotráfico.

As autoridades do país também decidiram antecipar de 2026 para este ano, uma proposta que foi concebida em 2024 durante a visita oficial de Bukele.

"Se não fizermos isso, o sistema entrará em colapso e corremos o risco de conflitos internos, sequestros e tumultos", disse o ministro, que reconheceu que as prisões atuais estão quase 30% superlotadas e as condições permitem que líderes criminosos presos continuem suas operações criminosas.

Campos visitou El Salvador em abril e visitou o Centro de Confinamento do Terrorismo (CECOT), uma megaprisão com capacidade para 40 mil detentos, a maior da América Latina.

 

O projeto, denominado "Centro de Alta Contenção para o Crime Organizado (CACCO)", aumentará a capacidade atual em 40%, oferecendo espaço para 5 mil detentos. O governo orçou um custo de US$ 35 milhões.

El Salvador forneceu assistência técnica em projetos, modelos de construção e tipos de tecnologia de segurança.

A Costa Rica enfrenta uma situação de segurança cada vez pior devido às ações de assassinos contratados por gangues de narcotraficantes associadas a grupos estrangeiros que lutam por mercados consumidores e rotas de tráfico.

Os criminosos tentam se aproveitar da localização geográfica estratégica e das fragilidades internas da Costa Rica.

O país, que há anos se orgulha de ser o mais seguro da América Central, registrou a maior taxa de homicídios da história em 2023, com uma taxa de 17,2 por 100.000 habitantes. Houve uma ligeira queda em 2024, e em 2025 houve novamente um aumento, com 543 homicídios até quarta-feira (13).

A insegurança é apontada pela maioria da população como o principal problema do país, segundo as últimas pesquisas do Centro de Pesquisas e Estudos Políticos (CIEP) da Universidade da Costa Rica, e é anunciada como um dos temas da campanha eleitoral, que começará em outubro para as eleições presidenciais de fevereiro de 2026.