COP30

Crise climática pode levar quase 160 milhões de mulheres à pobreza extrema

Relatório da ONU lançado hoje mostra que 158,3 milhões de mulheres e meninas podem estar vivendo com menos de US$ 2,15 por dia até 2050, considerando o pior cenário em relação às mudanças do clima

Aline Sgarbi, da CNN
Mulheres estão entre as mais afetadas pelas mudanças climáticas • 20/11/2024 REUTERS/Willy Kurniawan  • undefined
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As mudanças climáticas ampliam desigualdades e trazem enormes riscos para as populações já marginalizadas. A conclusão está no relatório "Gender Snapshot 2025", da ONU, divulgado hoje. Segundo o documento, se considerarmos o pior cenário, 158,3 milhões de mulheres e meninas poderão entrar para a faixa de pobreza extrema até 2050, o que significa viver com menos de US$ 2,15 por dia. Provavelmente metade delas estarão na chamada África Subsaariana, formada por mais de 40 países.

Além disso, 309,7 milhões delas podem estar vivendo com US$ 3,65 por dia, e outras 422 milhões com US$ 6,85 por dia. Isso representa até 16,1 milhões de mulheres a mais, se comparado ao número total de homens e meninos afetados pelas mudanças climáticas.

Insegurança alimentar

O acesso à alimentação é outro fator apontado pelo relatório como algo que atinge mais mulheres do que homens, e a diferença vem crescendo. De acordo com o relatório da ONU, em 2024, a disparidade entre homens e mulheres na questão de insegurança alimentar moderada ou grave aumentou para 1,9 ponto percentual, em comparação com 1,3 em 2023.

Os dados mostram 822,3 milhões de mulheres em insegurança alimentar moderada ou grave contra 758,8 milhões de homens, em 2024. Com o impacto da crise climática, outras 236 milhões de mulheres e meninas podem ser adicionadas a essas estatísticas.

"Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas" é o quinto dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU estabelecidos em 2015, para serem cumpridos até 2030. O relatório divulgado hoje admite que, apesar dos avanços em diferentes indicadores, há retrocessos recentes, tais como as mudanças climáticas e uma reação global contra igualdade de gênero que o documento chama de preocupante, que podem prejudicar as conquistas já alcançadas.