Com diplomacia ambiental, Cúpula da Amazônia pode reaproximar França e Brasil
Foco na sustentabilidade é o caminho para fortalecer a imagm do Brasil no exterior, que sofreu arranhões com apoio a regimes de Venezuela e Nicarágua, além do posicionamento na guerra da Ucrânia
- 1 de 26
Foto de um macaco-barrigudo (Lagothrix lagotricha) visto na Amazônia colombiana, em abril de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
- 2 de 26
Vista geral do rio Amazonas passando pelo departamento de Amazonas, na Amazônia colombiana. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
- 3 de 26
Vista aérea de região desmatada da Amazônia colombiana, em março de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
-
- 4 de 26
Cheia do rio Mocoa durante fortes chuvas na Amazônia brasileira, em Mocoa, na Amazônia colombiana, em maio de 2022. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
- 5 de 26
Pegadas humanas deixadas na lama da selva amazônica, na Amazônia colombiana, em abril de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
- 6 de 26
Ponte sob o rio Mocoa durante fortes chuvas na Amazônia colombiana, na cidade de Mocoa, em maio de 2022. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
-
- 7 de 26
Imagem aérea de zona desmatada na floresta amazônica no estado do Acre, na Amazônia brasileira, em julho de 2022. • Rafael Vilela for The Washington Post via Getty Images
- 8 de 26
Boto é visto no rio Amazonas, na Colômbia, na Amazônia, em 4 de abril de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
- 9 de 26
Fazendeiro olha para fumaça que sobe de incêndio em Alto Rio Guamá, na Amazônia brasileira, em setembro de 2020. • João Paulo Guimarães/picture alliance via Getty Images
-
- 10 de 26
Vista de casa construída à margem do rio Limoeiro, no norte da Amazônia brasileira, em Limoeiro do Ajuru. • Dieh Sacramento/picture alliance via Getty Images
- 11 de 26
Vista aérea de região desmatada da Amazônia colombiana, em março de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
- 12 de 26
Grupo do Ibama combate foco de incêndio na cidade de Novo Progresso, no sul do Pará, na Amazônia brasileira, em agosto de 2020. • Ernesto Carriço/NurPhoto via Getty Images
-
- 13 de 26
Grupo do Ibama combate foco de incêndio na cidade de Novo Progresso, no sul do Pará, na Amazônia brasileira, em agosto de 2020. • Ernesto Carriço/NurPhoto via Getty Images
- 14 de 26
Vista da floresta amazônica pela proa de um barco, na cidade de Leticia, na Amazônia colombiana, em abril de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
- 15 de 26
Plantas industriais na floresta amazônica, em Manaus, na Amazônia brasileira, em janeiro de 2023. • Jens Büttner/picture alliance via Getty Images
-
- 16 de 26
Fotografia aérea de seção da floresta amazônica desmatada por incêndios, na região de Candeias do Jamari, em Porto Velho, na Amazônia brasileira, em agosto de 2019. • Victor Moriyama/Getty Images
- 17 de 26
Vista do rio Amazonas na cidade de Letícia, na Amazônia colombiana, em abril de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
- 18 de 26
Rio recorta os meandros da Amazônia brasileira em Manaus. Fotografia de janeiro de 2023. • Jens Büttner/picture alliance via Getty Images
-
- 19 de 26
Casal de araras em ninho na Amazônia, em Roraima, em fotografia de novembro de 2017. • Ricardo Funari/Brazil Photos/LightRocket via Getty Images
- 20 de 26
Família de pai e filhas carregam balde d'água na rodovia Transamazônica, no estado do Pará, na Amazônia brasileira, em novembro de 2017. • Ricardo Funari/Brazil Photos/LightRocket via Getty Images
- 21 de 26
Gado é visto em pasto na bacia do alto rio Amazonas, em Rondônia. • Marica van der Meer/Arterra/Universal Images Group via Getty Images
-
- 22 de 26
Acampamento de pesquisa do Amazon Tall Tower Observatory do Instituto Max Planck, na Amazônia brasileira, em Manaus, em janeiro de 2023. • Jens Büttner/picture alliance via Getty Images
- 23 de 26
Casal de trinta-réis-grandes, também chamados de andorinha-do-mar, trinta-réis e gaivota, na Amazônia colombiana, em abril de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
- 24 de 26
Ponte suspensa na floresta amazônia, na Amazônia peruana. • Kike Calvo/Universal Images Group via Getty Images
-
- 25 de 26
Imagens tiradas de um hidroavião mostram nuvens passando pela floresta amazônica, em Manaus, em janeiro de 2023. • Jens Büttner/picture alliance via Getty Images
- 26 de 26
Caminhão levanta poeira em estrada da Amazônia enquanto viaja em porção desmatada da floresta amazônica, próximo de Chupinguaia, em Rondônia, em junho de 2017. • Mario Tama/Getty Images
A Cúpula da Amazônia, que se realizará em Belém na terça e quarta-feira, representa a maior oportunidade do presidente Lula de projetar sua tão almejada liderança sobre o Sul Global. Mais que isso, poderia abrir caminho para o Brasil se tornar um país avançado.
O Brasil detém 60% da área da Floresta Amazônica. O restante está distribuído por outros sete países vizinhos, e mais a Guiana Francesa, departamento ultramarino. Além dos presidentes de seis países amazônicos, participarão também chefes de estado ou de governo da França, Alemanha e Noruega. Esses dois últimos países são doadores para o Fundo Amazônia, criado em 2009 e reativado no governo Lula, depois de um congelamento no período de Jair Bolsonaro.
Emmanuel Macron tem se engajado com entusiasmo na defesa da Amazônia, como presidente do único país europeu que detém uma parte da floresta, por meio da Guiana Francesa. Foi a Amazônia que levou à rixa entre Macron e Bolsonaro. E é certamente o principal ponto de atração na reaproximação França-Brasil.
As empresas francesas estão historicamente entre as que mais investem no Brasil. A França lidera o protecionismo agrícola europeu, que tem dificultado a entrada de produtos brasileiros no mercado do continente. A justificativa para esse protecionismo tem sido o desmatamento da floresta.
Cúpula da Amazônia reúne representantes de 15 países
A diplomacia ambiental de Lula, reforçada pelos excelentes resultados no combate ao desmatamento, é a melhor carta na manga do Mercosul para remover essas barreiras protecionistas.
A complacência de Lula com as ditaduras da Venezuela e da Nicarágua e com a agressão da Rússia contra a Ucrânia tem minado não só as relações com a Europa e com os Estados Unidos como também o papel de natural liderança do Brasil na América do Sul.
Os presidentes do Chile, Uruguai, Paraguai e até da Colômbia manifestaram seu incômodo com as posições de Lula (no caso colombiano, em relação especificamente à Rússia).
A Amazônia ocupa mais da metade do território brasileiro, com quase 30 milhões de habitantes. A região tem a maior biodiversidade do mundo. Lá estão escondidas soluções para inúmeros problemas da humanidade, na forma de princípios farmacológicos ativos, cosméticos, alimentos, matérias-primas, insumos e serviços ambientais.
Parte dessa riqueza é conhecida por povos indígenas que vivem na floresta há milhares de anos. O evento que começa neste fim de semana em Belém, com a participação de milhares de especialistas, ativistas e representantes dos povos tradicionais, inclui a discussão da exploração sustentável dessas riquezas.
Cúpula em Belém discutirá o futuro da Amazônia
O presidente Lula tem feito declarações que indicam que ele está consciente do poder transformador, do ponto de vista econômico, científico e social, dessa exploração.
A Academia Brasileira de Ciências apresentou em 2008 uma proposta que prevê a criação de centros de pesquisa na Amazônia para descobrir e patentear esses recursos. O custo previsto, de R$ 60 bilhões ao longo de 10 anos, em valores atualizados, é irrisório: 0,04% do PIB.
As vantagens são claras, tanto do ponto de vista geopolítico quanto econômico. A sociedade brasileira, aí incluída sua comunidade científica, está pronta para abraçar essa tarefa. O Brasil acumula muitas experiências bem-sucedidas de desenvolvimento sustentável, e instituições científicas de primeira linha, apesar do seu sucateamento nas últimas décadas.
O desafio do governo é não se deixar distrair por tentações que desviam o foco de sua política externa e de desenvolvimento sustentável.